RESENHA
Ernani Xavier
MÁGICA CLARIDADE
Vagner Fernandes compôs uma obra biográfica “Clara Nunes, guerreira da utopia”, celebrando os vinte anos da morte da cantora. Tragédias marcaram a infância de Clara Francisca Gonçalves Nunes. Perdeu os pais aos seis anos de idade. O seu irmão mais velho que a adotara foi envolvido em crime que tem conecções com ela. Matou um jovem que a teria difamado. Mudou-se do interior para Belo Horizonte, onde sofreu dificuldades e privações durante grande parte da sua adolescência. Tentou a sorte como artista e se deu bem, assumindo o nome de Clara Nunes. Logo começou a conquistar grande popularidade e projeção em âmbito nacional. A narrativa caracteriza-se pela objetividade jornalística e a fidelidade aos fatos ocorridos na vida da cantora. Pessoas que a acompanharam na caminhada de glórias na carreira foram procuradas para dar os seus depoimentos. Este foi o caso do seu primeiro namorado, Aurino Araújo, quem influenciara a mudança de Clara para o Rio. Teve de enfrentar e vencer muitos dilemas e as naturais inseguranças da mudança. Começou a escalada de sucessos com uma composição de Carlos Imperial, "Você passa, eu acho graça". Testemunho na época a acirrada competição entre a Bossa Nova, Tropicália (Caetano e Gil) e a Jovem Guarda, ficando relegada a um plano secundário. Clara queria ter filhos, constituir uma família e havia encontrado em Paulo César, produtor de alguns dos seus discos, com quem casara, o parceiro ideal para isso. O historiador afirma que, “ Clara manteve ao redor de si ao longo da carreira um círculo de compositores fiéis como alguns bambas da Velha Guarda da Portela, Nelson Cavaquinho, a dupla Romildo e Toninho, Mauro Duarte, João Nogueira, assim como sempre foi acompanhada em suas apresentações ao vivo pelos músicos do Conjunto Nosso Samba, desde sua adesão ao gênero até os últimos shows”. O Convívio co Chico Buarque, Paulinho da Viola lhe foi muito favorável também. Apareceram dois sucessos: "Na linha do mar" e "Coração Leviano". A cantora morreu em decorrência de complicações pós-operatórias que resultaram em polêmica e controvérsias. Hoje, se viva, seria membro ativo da geração da música popular na facha dos sessenta: como outros monstros como Chico, Gil, Milton, Caetano, Ben e Paulinho da Viola. Morreu no auge da brilhante carreira. Tinha lançado meses antes, o álbum revolucionário, Nações. Clara passou, sem que ninguém, dessa vez tenha achado tanta graça. Passou e marcou. Marcou bem no fundo a sua personalidade e o seu nome na sua biografia e nas nossas. Marcou uma época inteira. Fez da sua presença e mágico poder vocal, uma arma de guerra. O seu timbre transmitia verdade. Exerceu, com certeza, a par da inesquecível irmã, Elis Regina, influência espiritual sobre a nova geração de mulheres e lhes deu inspiração par o seu canto. Clara foi mulher bem adiantada do seu tempo. Foi determinada, corajosa e carismática. O livro mostra uma mulher vencedora, espiritualista, fiel ás suas raízes e ao seu povo. Estrela meteórica. Modelo de espírito de luta e de auto-superação, de fé em si mesma e em Deus do céu.
Tags: espiritualidade, autosuperação, fatalidade
Vagner Fernandes. “Clara Nunes - Guerreira da Utopia”. Rio: Ediouro, 2007.
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sábado, 9 de fevereiro de 2008
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