RESENHA: ERNANI XAVIER
MÁFIA VERDE: O AMBIENTALISMO A SERVIÇO DO GOVERNO MUNDIAL
Texto de um controvertido escritor norte-americano, propondo a devastação da mata brasileira, alegando haver aqui, um intolerante “radicalismo ambientalista”.
MAIS SOBRE A COBIÇA DA AMAZÔNIA
O livro Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do Governo Mundial foi publicado pela revista-editora, Executive Intelligence Review. Consta como seu editor, Lorenzo Carrasco, seu diretor no Brasil, mas a responsabilidade intelectual pela obra é atribuída ao empresário norte-americano Lyndon LaRouche, proprietário da Revista. Dono também de idéias controvertidas e contestadas por facções ambientalistas do mundo inteiro. O texto denuncia fortemente o que há um “viciado radicalismo ambientalista imposto ao Brasil, com conivência do Governo Federal”. Sustenta que no Brasil, a própria palavra “madeireiro” virou sinônimo de criminoso. Em decorrência disso e através de uma “intensa lavagem cerebral promovida por um catastrofismo ambientalista que faz acreditar que as atividades humanas, principalmente as industriais, estão levando o mundo a um beco sem saída ambiental”. Argumenta se tratar de uma guerra (entraves) contra o desenvolvimento (não só o econômico, mas principalmente o desenvolvimento social) e a soberania nacional. Chegando a ser uma calamidade social, pois, além das pessoas que estão sendo desempregadas apenas nas cadeias produtivas florestais, agregam-se os outros setores produtivos diretamente afetados pelo radicalismo ambientalista-indigenista e os milhões de empregos que se estão deixando de produzir nas incontáveis obras de infra-estrutura paralisadas por exigências ambientais disparatadas e um irracionalismo que não responde às necessidades nacionais e pelas pressões internacionais dos grupos que agendam a pauta das principais ONGs no país. Defende também que as políticas ambientalistas de Lula não passam de miragem para enganar incautos que ainda restam dentro do próprio setor florestal. Destacando-se políticas de perseguição contra o setor madeireiro, que só confirmaram o alinhamento incondicional ao ambientalismo internacional, passando por cima do próprio Congresso Nacional. O editor do livro, Lorenzo Carrasco, subordinado do senhor Lyndon LaRouche, sendo aqui seu chefe-de-escritório desde 1985, foi convocado para depor na CPI das ONG´s do Senado Federal. Mas, não foi só isso que as idéias contidas no seu livro suscitaram. Despertaram a ira do Fundo Mundial para a Natureza, o WWF, tida como a principal ONG ambientalista do mundo, que insurgiu-se contra tais argumentos e proveu ações judiciais para impedir que o livro fosse vendido, pois, atinge a sua imagem institucional. A ação foi impetrada pelo escritório de advocacia Barbosa, Müssnich e Aragão, do qual um dos sócios, Francisco Müssnich (envolvido no escândalo de espionagem do Banco Opportunity, de seu cunhado Daniel Dantas), ocupava um lugar na diretoria do WWF-Brasil, tida no texto como controladora de grupos oligárquicos que manipulam o poder econômico do "Governo Mundial". No livro, os autores apontam que a Rede Globo de Televisão tem aderido às campanhas ambientalistas da WWF-Brasil, sendo que, até há pouco tempo, José Roberto Marinho, vice-presidente da Fundação Roberto Marinho, era o seu Presidente no Brasil. De qualquer modo, a controvérsia está sob judice. De um lado, dissimulados protetores dos madeireiros, do delito ambiental e da exaustão sem limites dos recursos nacionais. De outro, uma ONG multinacional que vive das benesses do capital mundial sob o pretexto de proteger o que não lhe pertence. No meio, a natureza nacional (e mundial), cada vez mais desprotegida.
Lyndon LaRouche, Rio de Janeiro:Executive Intelligence Review, 2007, 137 p.
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terça-feira, 26 de agosto de 2008
UMA DEMÃO DE VERDE: OS LAÇOS ENTRE GRUPOS AMBIENTAIS
RESENHA:
Ernani Xavier
UMA DEMÃO DE VERDE: OS LAÇOS ENTRE GRUPOS AMBIENTAIS
ELAINE DEWAR
Denúncia de manobras arrecadadoras de recursos por ONGs ambientalistas supostamente dedicadas á preservação das matas e dos mananciais.
LAÇOS SÓRDIDOS: NEGÓCIOS ESCUSOS
A autora de “Uma Demão de Verde: Os Laços entre Grupos Ambientais” a jornalista canadense Elaine Dewar oferece na realidade uma bem fundamentada denúncia. O tema é ambientalismo e ela é do meio. Não sendo um discurso engajado é um relato baseado em informações que inspiram credibilidade. Buscando realizar pesquisas de uma das mais importantes “nações” indígenas do Brasil, os Caiapós, suas primeiras presunções foram alteradas. Em vez de grupo carente de apoio de ONGs mantidas por órgãos internacionais, a repórter se deparou com uma “organização” solidamente evangelizada por modernas doutrinas comerciais de alcance mundial, explorando ouro e madeira da sua reserva. Descobriu que por aí passava uma “trilha de milhões e milhões de dólares, em um circuito que integrava agências governamentais, fundações e empresas privadas, organizações não-governamentais, e ativistas ambientais e indigenistas, que se empenhavam em influenciar as políticas públicas em três continentes”. A leitura de “Uma Demão de Verde” possibilita entender os meandros da construção da própria Constituição do Brasil pode ser fortemente manipulada por uma intrincada rede de poder que influenciou a sua própria redação. Na Constituição de 88 consta com clareza, que teriam de haver reservas onde ninguém pudesse entrar. Por trás das linhas dá muito bem para se acrescentar, a partir do texto da repórter canadense, a não ser quem tenha sintonia fina com interesses comuns de políticos-empresários, donos de ONGs e grupos nativos.Um exemplo citado pela autora é a ONG, Instituto de Pré-História, Antropologia e Ecologia (IPHAE), de propriedade de Wim Groeneveld, sediada em Porto Velho-RO. O texto-reportagem mostra convincentemente a rede intrincada que une com laços consistentes, o governo americano, canadense, inglês e japonês, e como estes mexem com ONGs, políticos, empresas como é o caso do Brascan, Vale do Rio Doce, Institutos, Fundações como a Chico Mendes e comunidades indígenas para a movimentação de milhões de dólares. Nada mais oportuno o conteúdo do livro “Uma Demão de Verde" para entender como os países ricos escrevem as políticas e as políticas públicas brasileiras e ostentam a fragilidade da exacerbadamente apregoada soberania nacional. Uma fantasia, um delírio. Tem razão Augusto Heleno, o general contestado, ao apontar a força dos espúrios "interesses" internacionais pela Amazônia. Da mesma forma em que o texto mostra exploração econômica da Amazônia por parte de ONG’s estrangeiras, ou brasileiras financiadas do exterior, inclusive por governos e multinacionais, á revelia ou contraditórias ao desenvolvimento do agro negócio brasileiro. Ficam evidentes os autênticos laços entre grupos ambientais, governos e grandes negócios". Ela relata a forma espúria de como foram conseguidos recursos para o encontro de 1989. Segundo ela, o histórico encontro de Altamira foi sustentado por negócios ilegais de ouro e madeira realizados pelos índios Caiapós, e não por sustentação externa como apregoado na época. O texto levanta muitas outras denúncias tendo o Brasil como espaço nuclear da trama que tem aspectos de literatura de suspense. Elaine Dewar por várias vezes, recebeu o Nacional Magazine Award, um dos mais prestigiosos prêmios jornalísticos do Canadá. Escreveu vários documentários, sendo que, com “Chimeras and Quests for Imortality”(2004) recebeu o Nereus Writers’s Trust Non-Fiction Prize, concedido anualmente á melhor obra de não-ficção de um autor canadense. Segue a linha do livro Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do “Governo Mundial”, publicado pela Executive Intelligence Review, a revista de inteligência internacional fundada pelo economista estadunidense Lyndon LaRouche. Bem como se vê, a agonia do planeta suscita o oportunismo das mega corporações e dos governos mundiais.
http://planetalivros.blogspot.com/
http://pt.shvoong.com/writers/ernani_xavier/DEWAR, Elaine. Rio de Janeiro: Editora CAPAX DEI, 2007, 528 pp.
(ISBN 978-85-98059-07-5).
Ernani Xavier
UMA DEMÃO DE VERDE: OS LAÇOS ENTRE GRUPOS AMBIENTAIS
ELAINE DEWAR
Denúncia de manobras arrecadadoras de recursos por ONGs ambientalistas supostamente dedicadas á preservação das matas e dos mananciais.
LAÇOS SÓRDIDOS: NEGÓCIOS ESCUSOS
A autora de “Uma Demão de Verde: Os Laços entre Grupos Ambientais” a jornalista canadense Elaine Dewar oferece na realidade uma bem fundamentada denúncia. O tema é ambientalismo e ela é do meio. Não sendo um discurso engajado é um relato baseado em informações que inspiram credibilidade. Buscando realizar pesquisas de uma das mais importantes “nações” indígenas do Brasil, os Caiapós, suas primeiras presunções foram alteradas. Em vez de grupo carente de apoio de ONGs mantidas por órgãos internacionais, a repórter se deparou com uma “organização” solidamente evangelizada por modernas doutrinas comerciais de alcance mundial, explorando ouro e madeira da sua reserva. Descobriu que por aí passava uma “trilha de milhões e milhões de dólares, em um circuito que integrava agências governamentais, fundações e empresas privadas, organizações não-governamentais, e ativistas ambientais e indigenistas, que se empenhavam em influenciar as políticas públicas em três continentes”. A leitura de “Uma Demão de Verde” possibilita entender os meandros da construção da própria Constituição do Brasil pode ser fortemente manipulada por uma intrincada rede de poder que influenciou a sua própria redação. Na Constituição de 88 consta com clareza, que teriam de haver reservas onde ninguém pudesse entrar. Por trás das linhas dá muito bem para se acrescentar, a partir do texto da repórter canadense, a não ser quem tenha sintonia fina com interesses comuns de políticos-empresários, donos de ONGs e grupos nativos.Um exemplo citado pela autora é a ONG, Instituto de Pré-História, Antropologia e Ecologia (IPHAE), de propriedade de Wim Groeneveld, sediada em Porto Velho-RO. O texto-reportagem mostra convincentemente a rede intrincada que une com laços consistentes, o governo americano, canadense, inglês e japonês, e como estes mexem com ONGs, políticos, empresas como é o caso do Brascan, Vale do Rio Doce, Institutos, Fundações como a Chico Mendes e comunidades indígenas para a movimentação de milhões de dólares. Nada mais oportuno o conteúdo do livro “Uma Demão de Verde" para entender como os países ricos escrevem as políticas e as políticas públicas brasileiras e ostentam a fragilidade da exacerbadamente apregoada soberania nacional. Uma fantasia, um delírio. Tem razão Augusto Heleno, o general contestado, ao apontar a força dos espúrios "interesses" internacionais pela Amazônia. Da mesma forma em que o texto mostra exploração econômica da Amazônia por parte de ONG’s estrangeiras, ou brasileiras financiadas do exterior, inclusive por governos e multinacionais, á revelia ou contraditórias ao desenvolvimento do agro negócio brasileiro. Ficam evidentes os autênticos laços entre grupos ambientais, governos e grandes negócios". Ela relata a forma espúria de como foram conseguidos recursos para o encontro de 1989. Segundo ela, o histórico encontro de Altamira foi sustentado por negócios ilegais de ouro e madeira realizados pelos índios Caiapós, e não por sustentação externa como apregoado na época. O texto levanta muitas outras denúncias tendo o Brasil como espaço nuclear da trama que tem aspectos de literatura de suspense. Elaine Dewar por várias vezes, recebeu o Nacional Magazine Award, um dos mais prestigiosos prêmios jornalísticos do Canadá. Escreveu vários documentários, sendo que, com “Chimeras and Quests for Imortality”(2004) recebeu o Nereus Writers’s Trust Non-Fiction Prize, concedido anualmente á melhor obra de não-ficção de um autor canadense. Segue a linha do livro Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do “Governo Mundial”, publicado pela Executive Intelligence Review, a revista de inteligência internacional fundada pelo economista estadunidense Lyndon LaRouche. Bem como se vê, a agonia do planeta suscita o oportunismo das mega corporações e dos governos mundiais.
http://planetalivros.blogspot.com/
http://pt.shvoong.com/writers/ernani_xavier/DEWAR, Elaine. Rio de Janeiro: Editora CAPAX DEI, 2007, 528 pp.
(ISBN 978-85-98059-07-5).
quarta-feira, 23 de abril de 2008
O SILÊNCIO DOS AMANTES
RESENHA
Ernani Xavier
UM TRATADO SOBRE A INCOMUNICABILIDADE
O silêncio dos amantes marca uma volta de Lya Luft ao gênero da ficção. São vinte contos que, em essência, tratam da intercomunicação pessoal-amorosa, mexe com aquilo que os amantes deixam de expressar e perceber entre si. Para a autora as conseqüências deste bloqueio são as mais terríveis e invariavelmente causa de muitas separações. “Quando meu filho tão querido sumiu... matou-se... Essa foi a sua verdadeira morte: nossa relação tão especial era mentira. A boa vida familiar era falsa. Andávamos sobre uma camada fina de normalidade. Por baixo corriam rios de sombra que eu não queria ver. Ele, meu filho tão extraordinariamente amado, era irremediavelmente sozinho - eu, que me considerava a melhor das mães, de nada adiantei....” Trecho do conto A Pedra da Bruxa, conto que abre o livro. A figura do Pai, neste conto, quase sempre “atrasado” por motivos de compromissos, adia uma conversa com o filho mais novo – com quem nunca mais terá a oportunidade de falar, pois o menino desaparece misteriosamente. O mistério é componente importante neste e noutras ficções de Lya. Nos seus contos, a autora traz á superfície as trágicas dificuldades da comunicação familiar. Já em Perdas & Ganhos que a escritora se tornou sucesso em vendas. Também neste seu trabalho ela examina com certa informalidade e profundidade os mistérios dos relacionamentos humanos. Examinando a sua obra Perdas & Ganhos, que foi lançada em 2003, foram vendidos 600 000 exemplares. Foi seguido por Pensar É Transgredir, com 215 000. Lya estreou como romancista nos anos 80, com dramas familiares densos como Reunião de Família – livros de vendagem bem mais discreta, mas com o mesmo repertório de temas que a autora persegue de forma obsessiva. Sua última obra ficcional foi O Ponto Cego, romance de 1999. A incomunicabilidade é o núcleo textual de O Silêncio dos Amantes. Aqui, em várias histórias, os personagens, premidos pelas exigências do dia-a-dia, evitam travar diálogos que teriam o potencial até mesmo de salvar a vida de uma pessoa amada. O material de Lya é caracterizado por uma tristeza imensamente trágica. Ousada, a autora incursiona pelos temas mais dolorosos, como o suicídio infantil. Mas esse não é um livro desesperançado. O conto-título, que fecha O Silêncio dos Amantes, retrata um casal que consegue reconstruir a vida e reencontrar uma precária felicidade depois de ser afligido pelas piores circunstâncias de vida. “Estou aprendendo a ser feliz outra vez” o personagem diz em certa passagem. E noutra, “Sem que eu soubesse, as coisas não ditas haviam crescido como cogumelos venenosos nas paredes do silêncio, enquanto ele ficava acordado na cama, fitando o teto, com o branco dos olhos reluzindo na penumbra. Se eu interrogava, o que você tem amor? Ele respondia que não era nada, estava pensando no trabalho. A gente sabia que era mentira, ele sabia que eu sabia, mas nenhum de nós rompeu aquele acordo sem palavras. Nunca imaginei o mal que o roia”. Este pedaço do texto reflete a essência do trabalho de Lya: a incomunicabilidade e o silêncio entre pessoas que se amam ou deviam se amar, os conflitos familiares, a busca de um sentido da vida, rancores, incompreensão, mas também magia e amor nos relacionamentos. São palavras da autora: “Um casal supera as dores do passado e encontra um novo caminho bastante singular; a rotina não permite enxergar o drama de quem está ao nosso lado; a mágoa e a revolta explodem numa libertação violenta; o preconceito em relação ao diferente pode ser mortal; a superficialidade impede de viver um verdadeiro amor; a morte revela o valor da vida: todos somos tocados pelo mistério. Com coragem e delicadeza, Lya Luft nos provoca a vermos sob um novo prisma o nosso cotidiano, pressentindo a imprevisibilidade, que o torna mais rico”. O ser humano, com toda a miséria e grandeza que isso significa, não é apenas precisar de amparo e consolo, mas também enxergar, abaixo da superfície e atrás das paredes, novas possibilidades de viver e se relacionar”.
LYA LUFT, O SILÊNCIO DOS AMANTES. ED. RECORD, 2008, 160 PÁGS. relações humanas, incomunicabilidade, tragédias familiares
Ernani Xavier
UM TRATADO SOBRE A INCOMUNICABILIDADE
O silêncio dos amantes marca uma volta de Lya Luft ao gênero da ficção. São vinte contos que, em essência, tratam da intercomunicação pessoal-amorosa, mexe com aquilo que os amantes deixam de expressar e perceber entre si. Para a autora as conseqüências deste bloqueio são as mais terríveis e invariavelmente causa de muitas separações. “Quando meu filho tão querido sumiu... matou-se... Essa foi a sua verdadeira morte: nossa relação tão especial era mentira. A boa vida familiar era falsa. Andávamos sobre uma camada fina de normalidade. Por baixo corriam rios de sombra que eu não queria ver. Ele, meu filho tão extraordinariamente amado, era irremediavelmente sozinho - eu, que me considerava a melhor das mães, de nada adiantei....” Trecho do conto A Pedra da Bruxa, conto que abre o livro. A figura do Pai, neste conto, quase sempre “atrasado” por motivos de compromissos, adia uma conversa com o filho mais novo – com quem nunca mais terá a oportunidade de falar, pois o menino desaparece misteriosamente. O mistério é componente importante neste e noutras ficções de Lya. Nos seus contos, a autora traz á superfície as trágicas dificuldades da comunicação familiar. Já em Perdas & Ganhos que a escritora se tornou sucesso em vendas. Também neste seu trabalho ela examina com certa informalidade e profundidade os mistérios dos relacionamentos humanos. Examinando a sua obra Perdas & Ganhos, que foi lançada em 2003, foram vendidos 600 000 exemplares. Foi seguido por Pensar É Transgredir, com 215 000. Lya estreou como romancista nos anos 80, com dramas familiares densos como Reunião de Família – livros de vendagem bem mais discreta, mas com o mesmo repertório de temas que a autora persegue de forma obsessiva. Sua última obra ficcional foi O Ponto Cego, romance de 1999. A incomunicabilidade é o núcleo textual de O Silêncio dos Amantes. Aqui, em várias histórias, os personagens, premidos pelas exigências do dia-a-dia, evitam travar diálogos que teriam o potencial até mesmo de salvar a vida de uma pessoa amada. O material de Lya é caracterizado por uma tristeza imensamente trágica. Ousada, a autora incursiona pelos temas mais dolorosos, como o suicídio infantil. Mas esse não é um livro desesperançado. O conto-título, que fecha O Silêncio dos Amantes, retrata um casal que consegue reconstruir a vida e reencontrar uma precária felicidade depois de ser afligido pelas piores circunstâncias de vida. “Estou aprendendo a ser feliz outra vez” o personagem diz em certa passagem. E noutra, “Sem que eu soubesse, as coisas não ditas haviam crescido como cogumelos venenosos nas paredes do silêncio, enquanto ele ficava acordado na cama, fitando o teto, com o branco dos olhos reluzindo na penumbra. Se eu interrogava, o que você tem amor? Ele respondia que não era nada, estava pensando no trabalho. A gente sabia que era mentira, ele sabia que eu sabia, mas nenhum de nós rompeu aquele acordo sem palavras. Nunca imaginei o mal que o roia”. Este pedaço do texto reflete a essência do trabalho de Lya: a incomunicabilidade e o silêncio entre pessoas que se amam ou deviam se amar, os conflitos familiares, a busca de um sentido da vida, rancores, incompreensão, mas também magia e amor nos relacionamentos. São palavras da autora: “Um casal supera as dores do passado e encontra um novo caminho bastante singular; a rotina não permite enxergar o drama de quem está ao nosso lado; a mágoa e a revolta explodem numa libertação violenta; o preconceito em relação ao diferente pode ser mortal; a superficialidade impede de viver um verdadeiro amor; a morte revela o valor da vida: todos somos tocados pelo mistério. Com coragem e delicadeza, Lya Luft nos provoca a vermos sob um novo prisma o nosso cotidiano, pressentindo a imprevisibilidade, que o torna mais rico”. O ser humano, com toda a miséria e grandeza que isso significa, não é apenas precisar de amparo e consolo, mas também enxergar, abaixo da superfície e atrás das paredes, novas possibilidades de viver e se relacionar”.
LYA LUFT, O SILÊNCIO DOS AMANTES. ED. RECORD, 2008, 160 PÁGS. relações humanas, incomunicabilidade, tragédias familiares
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
QUITOSANA - A FIBRA DO FUTURO
RESENHA
Ernani Xavier
O BRASIL DITA O FUTURO
O livro do Cientista cearense Alexandre Craveiro “Quitosana – a fibra do futuro” é uma comunicação científica sobre a fibra quitosana. Diz que ela é de origem animal, que possui uma vasta gama de aplicações que abrange desde efluentes industriais até a alimentação (perda de peso e funcionamento intestinal, redução do colesterol), área farmacêutica (como matéria-prima na confecção de fios cirúrgicos). O livro de Craveiro aborda ainda as aplicações biotecnológicas e os estudos clínicos que realizou. A quitosana é mostrada como uma fibra natural que elimina gordura, reduz os níveis de mau colesterol (colesterol LDL) e ácido úrico, previne o câncer de cólon e próstata, sendo ainda um excelente agente antiácido, antibacteriano e cicatrizante. Esta fibra é derivada da quitina, polímero abundante na natureza que só perde em quantidade para a celulose, que é uma fibra vegetal que atua como componente estrutural das plantas. A quitina, um componente estrutural das carapaças de crustáceos (notadamente camarão, lagosta e caranguejo) é biosintetizada em grande escala na natureza por processos enzimáticos no denominado “ciclo da quitina”. A quitosana, produzida a partir da quitina por processos enzimáticos ou por uma reação química denominada desacetilação, passa a ser uma das poucas fibras naturais solúveis em meio ácidos. Uma vez ingerida, a quitosana é solubilizada no estômago, formando um gel quimicamente ativo, em função dos grupamentos amino presentes na sua estrutura. Este gel eletrostaticamente carregado tem a propriedade de atrair e se ligar à gordura ingerida na alimentação, formando um complexo quitosana-gordura, que evita a ação das lipases (enzimas que metabolizam os lipídios), impedindo desse modo a sua consequente absorção (da gordura) pelo organismo. Cada grama de quitosana ingerida tem capacidade de capturar e eliminar até 8 gramas de gordura ingerida (aproximadamente 80 calorias). Além disso, a quitosana através de seus grupos aminos livres possui a capacidade de se ligar aos ácidos biliares do sistema digestivo excretando-os nas fezes. Os ácidos biliares, substâncias componentes da bile, são essenciais ao processo digestivo. O problema dos ácidos biliares é que eles são recicláveis, por isso, reaproveitados pelo organismo após a digestão, através da reabsorção pelo trato intestinal retornando ao fígado completando assim um ciclo no organismo denominado de circulação entero-hepática. A presença excessiva desses ácidos no intestino está relacionado ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de cólon e de próstata. Na medida em que se liga aos ácidos biliares em excesso, exerce um duplo efeito benéfico: evita a presença desses ácidos livres no intestino prevenindo o câncer e simultaneamente ativa o fígado para produzir mais ácidos biliares, reduzindo os níveis do mau colesterol (colesterol LDL) no organismo, segundo o cientista. Um dos livros mais vendidos nos Estados unidos “The Fat Blocker Diet”, publicado em 97, os autores propõem dietas de sucesso para controle e redução de peso onde o componente-chave é a quitosana. De acordo com o programa proposto pelo estudo, é possível cortar da alimentação até 25 gramas de gordura por dia, ou seja, algo em torno de 230 calorias. A maior parte da gordura e conseqüentemente a caloria contida nestes alimentos é eliminada do organismo por este maravilhoso polímero natural. No Japão, a quitosana está sendo o tratamento indicado por mais de 10.000 médicos nutricionistas. A quitosana tem sido aí indicada para a regeneração de tecidos, prevenção de metástase, bronquite asmática, desordens oculares e hepáticas, e até na produção de cosméticos para proteção, hidratação e rejuvenescimento da pele. Aqui no Brasil, o PADETEC – Parque de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal do Ceará, desenvolveu a tecnologia. A Polymar, empresa presidida por Alexandre Craveiro detém os direitos de fabricação de suplemento alimentar utilizando princípios ativos da quitosana, o produto FYBERSAN.
Alexandre Cabral Craveiro. Quitosana, A Fibra do Futuro. Fortaleza: Padetec, 2007.
Palavras-chave:suplemento alimentar, prevenção do câncer, gestão do peso e da massa corporal
http://planetalivros.blogspot.com/
http://www.Shvoong.com/writers/ernani_xavier
Ernani Xavier
O BRASIL DITA O FUTURO
O livro do Cientista cearense Alexandre Craveiro “Quitosana – a fibra do futuro” é uma comunicação científica sobre a fibra quitosana. Diz que ela é de origem animal, que possui uma vasta gama de aplicações que abrange desde efluentes industriais até a alimentação (perda de peso e funcionamento intestinal, redução do colesterol), área farmacêutica (como matéria-prima na confecção de fios cirúrgicos). O livro de Craveiro aborda ainda as aplicações biotecnológicas e os estudos clínicos que realizou. A quitosana é mostrada como uma fibra natural que elimina gordura, reduz os níveis de mau colesterol (colesterol LDL) e ácido úrico, previne o câncer de cólon e próstata, sendo ainda um excelente agente antiácido, antibacteriano e cicatrizante. Esta fibra é derivada da quitina, polímero abundante na natureza que só perde em quantidade para a celulose, que é uma fibra vegetal que atua como componente estrutural das plantas. A quitina, um componente estrutural das carapaças de crustáceos (notadamente camarão, lagosta e caranguejo) é biosintetizada em grande escala na natureza por processos enzimáticos no denominado “ciclo da quitina”. A quitosana, produzida a partir da quitina por processos enzimáticos ou por uma reação química denominada desacetilação, passa a ser uma das poucas fibras naturais solúveis em meio ácidos. Uma vez ingerida, a quitosana é solubilizada no estômago, formando um gel quimicamente ativo, em função dos grupamentos amino presentes na sua estrutura. Este gel eletrostaticamente carregado tem a propriedade de atrair e se ligar à gordura ingerida na alimentação, formando um complexo quitosana-gordura, que evita a ação das lipases (enzimas que metabolizam os lipídios), impedindo desse modo a sua consequente absorção (da gordura) pelo organismo. Cada grama de quitosana ingerida tem capacidade de capturar e eliminar até 8 gramas de gordura ingerida (aproximadamente 80 calorias). Além disso, a quitosana através de seus grupos aminos livres possui a capacidade de se ligar aos ácidos biliares do sistema digestivo excretando-os nas fezes. Os ácidos biliares, substâncias componentes da bile, são essenciais ao processo digestivo. O problema dos ácidos biliares é que eles são recicláveis, por isso, reaproveitados pelo organismo após a digestão, através da reabsorção pelo trato intestinal retornando ao fígado completando assim um ciclo no organismo denominado de circulação entero-hepática. A presença excessiva desses ácidos no intestino está relacionado ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de cólon e de próstata. Na medida em que se liga aos ácidos biliares em excesso, exerce um duplo efeito benéfico: evita a presença desses ácidos livres no intestino prevenindo o câncer e simultaneamente ativa o fígado para produzir mais ácidos biliares, reduzindo os níveis do mau colesterol (colesterol LDL) no organismo, segundo o cientista. Um dos livros mais vendidos nos Estados unidos “The Fat Blocker Diet”, publicado em 97, os autores propõem dietas de sucesso para controle e redução de peso onde o componente-chave é a quitosana. De acordo com o programa proposto pelo estudo, é possível cortar da alimentação até 25 gramas de gordura por dia, ou seja, algo em torno de 230 calorias. A maior parte da gordura e conseqüentemente a caloria contida nestes alimentos é eliminada do organismo por este maravilhoso polímero natural. No Japão, a quitosana está sendo o tratamento indicado por mais de 10.000 médicos nutricionistas. A quitosana tem sido aí indicada para a regeneração de tecidos, prevenção de metástase, bronquite asmática, desordens oculares e hepáticas, e até na produção de cosméticos para proteção, hidratação e rejuvenescimento da pele. Aqui no Brasil, o PADETEC – Parque de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal do Ceará, desenvolveu a tecnologia. A Polymar, empresa presidida por Alexandre Craveiro detém os direitos de fabricação de suplemento alimentar utilizando princípios ativos da quitosana, o produto FYBERSAN.
Alexandre Cabral Craveiro. Quitosana, A Fibra do Futuro. Fortaleza: Padetec, 2007.
Palavras-chave:suplemento alimentar, prevenção do câncer, gestão do peso e da massa corporal
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AS CORES DA LONGEVIDADE
RESENHA
Ernani Xavier
PARAR DE ENVELHECER
Alexandre Craveiro, professor da Universidade Federal de Fortaleza, escreveu este texto científico, sobre a possibilidade de se prolongar a vida humana, “As Cores da Longevidade”. Segundo o autor, “existem várias teorias para compreender e explicar o processo biológico do envelhecimento humano, entre as quais: Restrição Calórica, Mutações, Envelhecimento Programado, Síntese de Proteínas Defeituosas e Mecanismos de Reparação”. Para o autor, a mais abrangente, e uma das mais aceita pela comunidade cientifica, é a teoria do envelhecimento como conseqüência da ação nociva dos compostos conhecidos como radicais livres. Segundo essa teoria, o envelhecimento e as doenças degenerativas a ele associadas, são resultado de alterações moleculares e lesões celulares provocadas por radicais livres. Segundo essa teoria, o processo de envelhecimento se deve a um somatório das reações prejudiciais dos radicais livres que se processam continuamente em todas as células e tecidos do organismo humano. Os radicais livres, segundo Craveiro, são substâncias perigosas capazes de atacar outras moléculas do nosso corpo, como proteínas, carboidratos, lipídeos e o DNA, causando danos e alterando as suas estruturas. Estas espécies oxigenadas são geradas continuamente no organismo desde os primeiros momentos de gestação até o final da vida. Uma questão crucial é que até a meia idade (por volta dos 45 anos de idade), o organismo consegue neutralizar o excedente de radicais livres formados. Desta forma, começam a ocorrer lesões de célula a célula, tecidos e órgãos até chegar à degeneração celular, acarretando doenças, envelhecimento e problemas relacionados à terceira idade. Pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer dos EUA, o envelhecimento pode ser considerado uma doença. Segundo esta teoria, o fenômeno do envelhecimento é conseqüência dos danos oxidativos que ocorrem no interior da mitocôndria ao longo do tempo,pois, o nível de estresse oxidativo é um fator essencial para determinar a idade ou o “grau de envelhecimento” do organismo. Em outras palavras, segundo esse conceito, a idade de uma pessoa deve ser medida ou representada pelo nível de oxidação do organismo e não em anos, como se convencionou medir. Pesquisadores da Polymar, empresa cearense empresa cearense de base tecnológica, em parceria com o Padetec, desenvolveram um teste para determinar o grau de estresse oxidativo de qualquer pessoa, através de um procedimento simples. É um teste rápido, prático e eficaz, podendo ser realizado em qualquer lugar. O resultado pode ser obtido em menos de cinco minutos e possui uma precisão bem maior do que o exame sanguíneo. Enfim, a maioria dos estudos revela que a alimentação é um fator fundamental para o controle da produção de radicais livres, pois existe uma gama de substâncias naturais com poderosas atividades antioxidantes, conhecidas como fotoquímicos. Craveiro afirma que “O envelhecimento é um processo oxidativo provocado por alterações moleculares e celulares, resultantes da ação destrutiva dos radicais livres em nosso organismo e pode ser retardado”. Craveiro, em seu livro, assegura que, conseguiremos “parar” o processo de envelhecimento. E que as cores da longevidade são aquelas dos produtos naturais (frutas, verduras ou suplementos que os substituam). Assim, não simplesmente se prolongará a vida, mas o o tempo de vida saudável, algo que já começa a acontecer, pois as pessoas com mais de 70 anos levam uma vida mais ativa que as da mesma faixa de idade das gerações anteriores. E cita Aubrey de Grey, gerontólogo biomédico da Universidade de Cambridge que preconiza que “A primeira pessoa que viverá até os mil anos de idade já nasceu”.
Alexandre Cabral Craveiro é Bacharel em Química e Doutor em Síntese Orgânica pela UFC, Pesquisador do PADETEC – Parque de Desenvolvimento Tecnológico, Campus do Pici – UFC e autor de diversos outros livros.
Alexandre Craveiro. As Cores Da Longevidade. Fortaleza:Padetec, 2007.
Palavras-chave: longevidade, radicais livres, intoxicação do organismo
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Ernani Xavier
PARAR DE ENVELHECER
Alexandre Craveiro, professor da Universidade Federal de Fortaleza, escreveu este texto científico, sobre a possibilidade de se prolongar a vida humana, “As Cores da Longevidade”. Segundo o autor, “existem várias teorias para compreender e explicar o processo biológico do envelhecimento humano, entre as quais: Restrição Calórica, Mutações, Envelhecimento Programado, Síntese de Proteínas Defeituosas e Mecanismos de Reparação”. Para o autor, a mais abrangente, e uma das mais aceita pela comunidade cientifica, é a teoria do envelhecimento como conseqüência da ação nociva dos compostos conhecidos como radicais livres. Segundo essa teoria, o envelhecimento e as doenças degenerativas a ele associadas, são resultado de alterações moleculares e lesões celulares provocadas por radicais livres. Segundo essa teoria, o processo de envelhecimento se deve a um somatório das reações prejudiciais dos radicais livres que se processam continuamente em todas as células e tecidos do organismo humano. Os radicais livres, segundo Craveiro, são substâncias perigosas capazes de atacar outras moléculas do nosso corpo, como proteínas, carboidratos, lipídeos e o DNA, causando danos e alterando as suas estruturas. Estas espécies oxigenadas são geradas continuamente no organismo desde os primeiros momentos de gestação até o final da vida. Uma questão crucial é que até a meia idade (por volta dos 45 anos de idade), o organismo consegue neutralizar o excedente de radicais livres formados. Desta forma, começam a ocorrer lesões de célula a célula, tecidos e órgãos até chegar à degeneração celular, acarretando doenças, envelhecimento e problemas relacionados à terceira idade. Pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer dos EUA, o envelhecimento pode ser considerado uma doença. Segundo esta teoria, o fenômeno do envelhecimento é conseqüência dos danos oxidativos que ocorrem no interior da mitocôndria ao longo do tempo,pois, o nível de estresse oxidativo é um fator essencial para determinar a idade ou o “grau de envelhecimento” do organismo. Em outras palavras, segundo esse conceito, a idade de uma pessoa deve ser medida ou representada pelo nível de oxidação do organismo e não em anos, como se convencionou medir. Pesquisadores da Polymar, empresa cearense empresa cearense de base tecnológica, em parceria com o Padetec, desenvolveram um teste para determinar o grau de estresse oxidativo de qualquer pessoa, através de um procedimento simples. É um teste rápido, prático e eficaz, podendo ser realizado em qualquer lugar. O resultado pode ser obtido em menos de cinco minutos e possui uma precisão bem maior do que o exame sanguíneo. Enfim, a maioria dos estudos revela que a alimentação é um fator fundamental para o controle da produção de radicais livres, pois existe uma gama de substâncias naturais com poderosas atividades antioxidantes, conhecidas como fotoquímicos. Craveiro afirma que “O envelhecimento é um processo oxidativo provocado por alterações moleculares e celulares, resultantes da ação destrutiva dos radicais livres em nosso organismo e pode ser retardado”. Craveiro, em seu livro, assegura que, conseguiremos “parar” o processo de envelhecimento. E que as cores da longevidade são aquelas dos produtos naturais (frutas, verduras ou suplementos que os substituam). Assim, não simplesmente se prolongará a vida, mas o o tempo de vida saudável, algo que já começa a acontecer, pois as pessoas com mais de 70 anos levam uma vida mais ativa que as da mesma faixa de idade das gerações anteriores. E cita Aubrey de Grey, gerontólogo biomédico da Universidade de Cambridge que preconiza que “A primeira pessoa que viverá até os mil anos de idade já nasceu”.
Alexandre Cabral Craveiro é Bacharel em Química e Doutor em Síntese Orgânica pela UFC, Pesquisador do PADETEC – Parque de Desenvolvimento Tecnológico, Campus do Pici – UFC e autor de diversos outros livros.
Alexandre Craveiro. As Cores Da Longevidade. Fortaleza:Padetec, 2007.
Palavras-chave: longevidade, radicais livres, intoxicação do organismo
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domingo, 10 de fevereiro de 2008
O BEIJO DA MORTE
RESENHA
Ernani Xavier
OS CRIMES DOS GENERAIS
O livro “O Beijo da Morte” dos autores Carlos Heitor Cony e Anna Lee, é um romance-reportagem que trata de mortes misteriosas de grandes políticos brasileiros e até mesmo latino-americanos, entre os quais JK, Jango e Lacerda. Segundo os autores, historiadores, estes políticos teriam sido vítimas de conspiração política internacional. De qualquer modo tais fatos ainda estão obscurecidos por falta de dados concretos verificáveis juridicamente. Enfim, quais são as reais circunstâncias em que morreram estes três grandes nomes, Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda? O livro é uma excelente reportagem. Ambos os repórteres são muito respeitados como jornalistas e como historiadores o que ajuda a crer que tais circunstâncias podem muito bem ser dignas igualmente de credibilidade. Esta, portanto, pode superar em muito a ficção a que se lhe atribui. Como explica Cony, “Apesar das provas existentes, que dão como natural a morte dos três líderes, sempre duvidei das conclusões oficiais, e não apenas nesse assunto, mas na história em geral, que é uma sucessão de casos obscuros e mal resolvidos." Cony e Anna entrevistaram dezenas de pessoas, no Rio, em São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Montevidéu. Examinaram habbeas-data e prontuários médicos. Além de textos de Cony que foram resultados de sua investigação que se iniciaram em 1976. O livro possui anexos com valor documental onde é pedida a exumação do corpo de Jango para verificar a suspeita de envenenamento, suspeita dominante hoje, e um outro documento super revelador, mediante ao que se criou o grande movimento Frente Ampla, radicalmente contrário aos “desejos” norte-americanos para manter aqui a sua hegemonia, não só no Brasil, mas nos outros Uruguai, Argentina e Paraguai naqueles anos finais da década de 60. O livro conquistou o segundo lugar na categoria Reportagem e Biografia do Prêmio Jabuti 2004. As mortes ocorreram dentro de um espaço de tempo muito curto, nove meses, estando no poder nos países envolvidos juntas militares frente ao que os supostamente assassinados poderiam fazer ameaçadora “frente”. O texto revela a tragédia que foi o levante militar ocorrido em 1964. No ápice da tragédia estaria um assassinato de um ex-presidente do Brasil por um Presidente do Brasil, O General Geisel, um dos generais que exerceram poder ditatorial por quase vinte anos. No livro um capítulo inteiro escrito por Anna Lee aponta para um pelego uruguaio chamado de Mario Naira Barreiro, hoje prisioneiro em Charqueadas por delinqüência financeira e política, sustenta que tem umas 40 horas de fitas, onde muita gente, inclusive Jango fala sobre conteúdos ainda mais misteriosos do que os seus próprios assassinatos. Tais fitas ainda não foram lidas. O ex-agente de crimes políticos quer dinheiro para mostrar o que diz que tem. Mas, uma coisa parece estar coerente do que depreendeu da conversa de Anna Lee com o uruguaio: Goulart foi morto a pedido do Brasil. Segundo o uruguaio, a autorização para o envenenamento de Jango partiu do General Geisel (1908-1996) e foi transmitida a Fleury, que acertou os detalhes da criminosa operação chamada de “Escorpião”, com o serviço de inteligência do Uruguai, detalhes da operação, chamada Escorpião, que teria sido acompanhada e financiada pela CIA. Cony, Um dos mais respeitados escritores brasileiros, eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, dedicou-se á construção do texto “O Beijo da Morte” durante um ano em co-parceria dom a doutoranda em Jornalismo carioca, Anna Lee.
Carlos Heitor Cony e Anna Lee. O Beijo Da Morte. Rio: Editora Objetiva, 2003, 288 Páginas.
Tags: Conspiração, ditadura militar, política latino-americana
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Ernani Xavier
OS CRIMES DOS GENERAIS
O livro “O Beijo da Morte” dos autores Carlos Heitor Cony e Anna Lee, é um romance-reportagem que trata de mortes misteriosas de grandes políticos brasileiros e até mesmo latino-americanos, entre os quais JK, Jango e Lacerda. Segundo os autores, historiadores, estes políticos teriam sido vítimas de conspiração política internacional. De qualquer modo tais fatos ainda estão obscurecidos por falta de dados concretos verificáveis juridicamente. Enfim, quais são as reais circunstâncias em que morreram estes três grandes nomes, Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda? O livro é uma excelente reportagem. Ambos os repórteres são muito respeitados como jornalistas e como historiadores o que ajuda a crer que tais circunstâncias podem muito bem ser dignas igualmente de credibilidade. Esta, portanto, pode superar em muito a ficção a que se lhe atribui. Como explica Cony, “Apesar das provas existentes, que dão como natural a morte dos três líderes, sempre duvidei das conclusões oficiais, e não apenas nesse assunto, mas na história em geral, que é uma sucessão de casos obscuros e mal resolvidos." Cony e Anna entrevistaram dezenas de pessoas, no Rio, em São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Montevidéu. Examinaram habbeas-data e prontuários médicos. Além de textos de Cony que foram resultados de sua investigação que se iniciaram em 1976. O livro possui anexos com valor documental onde é pedida a exumação do corpo de Jango para verificar a suspeita de envenenamento, suspeita dominante hoje, e um outro documento super revelador, mediante ao que se criou o grande movimento Frente Ampla, radicalmente contrário aos “desejos” norte-americanos para manter aqui a sua hegemonia, não só no Brasil, mas nos outros Uruguai, Argentina e Paraguai naqueles anos finais da década de 60. O livro conquistou o segundo lugar na categoria Reportagem e Biografia do Prêmio Jabuti 2004. As mortes ocorreram dentro de um espaço de tempo muito curto, nove meses, estando no poder nos países envolvidos juntas militares frente ao que os supostamente assassinados poderiam fazer ameaçadora “frente”. O texto revela a tragédia que foi o levante militar ocorrido em 1964. No ápice da tragédia estaria um assassinato de um ex-presidente do Brasil por um Presidente do Brasil, O General Geisel, um dos generais que exerceram poder ditatorial por quase vinte anos. No livro um capítulo inteiro escrito por Anna Lee aponta para um pelego uruguaio chamado de Mario Naira Barreiro, hoje prisioneiro em Charqueadas por delinqüência financeira e política, sustenta que tem umas 40 horas de fitas, onde muita gente, inclusive Jango fala sobre conteúdos ainda mais misteriosos do que os seus próprios assassinatos. Tais fitas ainda não foram lidas. O ex-agente de crimes políticos quer dinheiro para mostrar o que diz que tem. Mas, uma coisa parece estar coerente do que depreendeu da conversa de Anna Lee com o uruguaio: Goulart foi morto a pedido do Brasil. Segundo o uruguaio, a autorização para o envenenamento de Jango partiu do General Geisel (1908-1996) e foi transmitida a Fleury, que acertou os detalhes da criminosa operação chamada de “Escorpião”, com o serviço de inteligência do Uruguai, detalhes da operação, chamada Escorpião, que teria sido acompanhada e financiada pela CIA. Cony, Um dos mais respeitados escritores brasileiros, eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, dedicou-se á construção do texto “O Beijo da Morte” durante um ano em co-parceria dom a doutoranda em Jornalismo carioca, Anna Lee.
Carlos Heitor Cony e Anna Lee. O Beijo Da Morte. Rio: Editora Objetiva, 2003, 288 Páginas.
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sábado, 9 de fevereiro de 2008
O VALOR DO AMANHÃ
RESENHA
Ernani Xavier
O CUSTO HUMANO E SOCIAL DA IMPACIÊNCIA
Economista e escritor destacado, Eduardo Giannetti, construiu um dos textos mais lúcidos sobre a difícil gestão do dinheiro, o livro, “O Valor do Amanhã”. Trata sobre o fenômeno dos juros como incidência sobre toda e qualquer forma de troca de capital que ocorra dentro de um dado período de tempo. Tanto incide a taxa de juros, como uma remuneração, em qualquer transferência de valores do presente para o futuro, quanto nos custos de antecipar valores do futuro para o presente. O autor refere-se a um outro fenômeno, aquele da “miopia temporal”, quando o indivíduo dá demasiada importância ao que está mais próximo no tempo e da “hipermetropia temporal”, quando é atribuído um valor excessivo ao amanhã, em prejuízo das demandas correntes, utilizando apropriadamente a metáfora da visão. O míope, com freqüência é vítima do remorso, porque o futuro chega e cobra seu preço pelo passado despreocupado e o hipermétrope padece do arrependimento pelo desperdício de oportunidades perdidas com o excesso de zelo pelo amanhã. Cita outro economista, prêmio Nobel, Schopenhauer, que assegurou: “muitos vivem em demasia no presente: são os levianos; outros vivem em demasia no futuro: são os medrosos e os preocupados”, mostrando que é incomum alguém manter com exatidão a justa medida. Também usa a metáfora biológica como recurso de explicação: a senescência é o valor pago pelo rigor da juventude: “a plenitude do corpo jovem se constrói às custas da tibieza do corpo velho...” Há um claro trade-off implícito em cada escolha intertemporal que fazemos, entre o “viver agora e pagar depois”, ou “plantar agora e colher depois”. O economista alerta para o fator instintivo fortemente presente nas crianças e nos animais que desconhecem o valor da espera e não possuem ferramentas racionais para avaliar o quanto esta pode resultar em algum valor. Neste caso, o fator desejo impõe pronto atendimento da necessidade sentida. Esta ansiedade é transferida para diversas situações da vida adulta que em que a pessoa não consegue dominar a impulsividade por meio de mecanismos racionais e entrega-se ao prazer do aqui e agora dos seus desejos de adquirir. Tais adultos minimizam ou ignoram totalmente o fator previdência tornando-se vítimas fáceis desta impulsividade. O economista adverte que a poupança de hoje é que permite o consumo maior de amanhã, quase uma lição de paciência e resignação budista. Conforme o amanhã sonhado é que é exigido o sacrifício de hoje, ensina Giannotti. Ele também alerta para o fato de que os juros fazem parte integrante da vida de todos, todos os dias. Aparecem nas intrincadas discussões sobre o crescimento econômico dos países como em detalhes mínimos do cotidiano individual. Salienta que o princípio econômico é simples e básico: o devedor antecipa um benefício para desfrute imediato e se compromete a pagar por isso mais tarde, e quem cede algo de que dispõe agora e espera receber um montante superior no final da transação. Em "O Valor do Amanhã", Eduardo Giannetti defende que esse aspecto dos juros é apenas parte de um fenômeno natural maior, tão comum quanto a força da gravidade e a fotossíntese. O fenômeno, portanto, transcende ao aspecto mercantil. Não A questão "atinge as mais diversas e surpreendentes esferas da vida prática, social e espiritual...” Destaca que desde o momento em que aprendeu a planejar sua vida, o homem tem de antecipar os seus desígnios. Mostra que, a sociedade brasileira tem tomado emprestado do futuro sem assumir condizente responsabilidade. E que é por isso que a dívida pública através do Estado beira um trilhão e meio de reais, e que a taxa de poupança é absurdamente baixa, menor que 20% do PIB. O Brasil vive, portanto, demasiadamente no presente, com seu governo inchado e assistencialista, sem a necessária poupança que se reverteria em investimentos produtivos. O próprio governo nacional age como uma criança, por impulso, para atender os desejos do momento. Quer o bônus da prosperidade sem o ônus da poupança. Quer o crescimento sem o custo da espera, e quando o resultado não é inflação ou crise na balança de pagamentos, é juros altos.
Eduardo Giannetti. O Valor do Amanhã - Ensaio Sobre A Natureza Dos Juros – Cia das Letras
Tags: Juros, poupança, planejamento financeiro
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Ernani Xavier
O CUSTO HUMANO E SOCIAL DA IMPACIÊNCIA
Economista e escritor destacado, Eduardo Giannetti, construiu um dos textos mais lúcidos sobre a difícil gestão do dinheiro, o livro, “O Valor do Amanhã”. Trata sobre o fenômeno dos juros como incidência sobre toda e qualquer forma de troca de capital que ocorra dentro de um dado período de tempo. Tanto incide a taxa de juros, como uma remuneração, em qualquer transferência de valores do presente para o futuro, quanto nos custos de antecipar valores do futuro para o presente. O autor refere-se a um outro fenômeno, aquele da “miopia temporal”, quando o indivíduo dá demasiada importância ao que está mais próximo no tempo e da “hipermetropia temporal”, quando é atribuído um valor excessivo ao amanhã, em prejuízo das demandas correntes, utilizando apropriadamente a metáfora da visão. O míope, com freqüência é vítima do remorso, porque o futuro chega e cobra seu preço pelo passado despreocupado e o hipermétrope padece do arrependimento pelo desperdício de oportunidades perdidas com o excesso de zelo pelo amanhã. Cita outro economista, prêmio Nobel, Schopenhauer, que assegurou: “muitos vivem em demasia no presente: são os levianos; outros vivem em demasia no futuro: são os medrosos e os preocupados”, mostrando que é incomum alguém manter com exatidão a justa medida. Também usa a metáfora biológica como recurso de explicação: a senescência é o valor pago pelo rigor da juventude: “a plenitude do corpo jovem se constrói às custas da tibieza do corpo velho...” Há um claro trade-off implícito em cada escolha intertemporal que fazemos, entre o “viver agora e pagar depois”, ou “plantar agora e colher depois”. O economista alerta para o fator instintivo fortemente presente nas crianças e nos animais que desconhecem o valor da espera e não possuem ferramentas racionais para avaliar o quanto esta pode resultar em algum valor. Neste caso, o fator desejo impõe pronto atendimento da necessidade sentida. Esta ansiedade é transferida para diversas situações da vida adulta que em que a pessoa não consegue dominar a impulsividade por meio de mecanismos racionais e entrega-se ao prazer do aqui e agora dos seus desejos de adquirir. Tais adultos minimizam ou ignoram totalmente o fator previdência tornando-se vítimas fáceis desta impulsividade. O economista adverte que a poupança de hoje é que permite o consumo maior de amanhã, quase uma lição de paciência e resignação budista. Conforme o amanhã sonhado é que é exigido o sacrifício de hoje, ensina Giannotti. Ele também alerta para o fato de que os juros fazem parte integrante da vida de todos, todos os dias. Aparecem nas intrincadas discussões sobre o crescimento econômico dos países como em detalhes mínimos do cotidiano individual. Salienta que o princípio econômico é simples e básico: o devedor antecipa um benefício para desfrute imediato e se compromete a pagar por isso mais tarde, e quem cede algo de que dispõe agora e espera receber um montante superior no final da transação. Em "O Valor do Amanhã", Eduardo Giannetti defende que esse aspecto dos juros é apenas parte de um fenômeno natural maior, tão comum quanto a força da gravidade e a fotossíntese. O fenômeno, portanto, transcende ao aspecto mercantil. Não A questão "atinge as mais diversas e surpreendentes esferas da vida prática, social e espiritual...” Destaca que desde o momento em que aprendeu a planejar sua vida, o homem tem de antecipar os seus desígnios. Mostra que, a sociedade brasileira tem tomado emprestado do futuro sem assumir condizente responsabilidade. E que é por isso que a dívida pública através do Estado beira um trilhão e meio de reais, e que a taxa de poupança é absurdamente baixa, menor que 20% do PIB. O Brasil vive, portanto, demasiadamente no presente, com seu governo inchado e assistencialista, sem a necessária poupança que se reverteria em investimentos produtivos. O próprio governo nacional age como uma criança, por impulso, para atender os desejos do momento. Quer o bônus da prosperidade sem o ônus da poupança. Quer o crescimento sem o custo da espera, e quando o resultado não é inflação ou crise na balança de pagamentos, é juros altos.
Eduardo Giannetti. O Valor do Amanhã - Ensaio Sobre A Natureza Dos Juros – Cia das Letras
Tags: Juros, poupança, planejamento financeiro
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CLARA NUNES - GUERREIRA DA UTOPIA
RESENHA
Ernani Xavier
MÁGICA CLARIDADE
Vagner Fernandes compôs uma obra biográfica “Clara Nunes, guerreira da utopia”, celebrando os vinte anos da morte da cantora. Tragédias marcaram a infância de Clara Francisca Gonçalves Nunes. Perdeu os pais aos seis anos de idade. O seu irmão mais velho que a adotara foi envolvido em crime que tem conecções com ela. Matou um jovem que a teria difamado. Mudou-se do interior para Belo Horizonte, onde sofreu dificuldades e privações durante grande parte da sua adolescência. Tentou a sorte como artista e se deu bem, assumindo o nome de Clara Nunes. Logo começou a conquistar grande popularidade e projeção em âmbito nacional. A narrativa caracteriza-se pela objetividade jornalística e a fidelidade aos fatos ocorridos na vida da cantora. Pessoas que a acompanharam na caminhada de glórias na carreira foram procuradas para dar os seus depoimentos. Este foi o caso do seu primeiro namorado, Aurino Araújo, quem influenciara a mudança de Clara para o Rio. Teve de enfrentar e vencer muitos dilemas e as naturais inseguranças da mudança. Começou a escalada de sucessos com uma composição de Carlos Imperial, "Você passa, eu acho graça". Testemunho na época a acirrada competição entre a Bossa Nova, Tropicália (Caetano e Gil) e a Jovem Guarda, ficando relegada a um plano secundário. Clara queria ter filhos, constituir uma família e havia encontrado em Paulo César, produtor de alguns dos seus discos, com quem casara, o parceiro ideal para isso. O historiador afirma que, “ Clara manteve ao redor de si ao longo da carreira um círculo de compositores fiéis como alguns bambas da Velha Guarda da Portela, Nelson Cavaquinho, a dupla Romildo e Toninho, Mauro Duarte, João Nogueira, assim como sempre foi acompanhada em suas apresentações ao vivo pelos músicos do Conjunto Nosso Samba, desde sua adesão ao gênero até os últimos shows”. O Convívio co Chico Buarque, Paulinho da Viola lhe foi muito favorável também. Apareceram dois sucessos: "Na linha do mar" e "Coração Leviano". A cantora morreu em decorrência de complicações pós-operatórias que resultaram em polêmica e controvérsias. Hoje, se viva, seria membro ativo da geração da música popular na facha dos sessenta: como outros monstros como Chico, Gil, Milton, Caetano, Ben e Paulinho da Viola. Morreu no auge da brilhante carreira. Tinha lançado meses antes, o álbum revolucionário, Nações. Clara passou, sem que ninguém, dessa vez tenha achado tanta graça. Passou e marcou. Marcou bem no fundo a sua personalidade e o seu nome na sua biografia e nas nossas. Marcou uma época inteira. Fez da sua presença e mágico poder vocal, uma arma de guerra. O seu timbre transmitia verdade. Exerceu, com certeza, a par da inesquecível irmã, Elis Regina, influência espiritual sobre a nova geração de mulheres e lhes deu inspiração par o seu canto. Clara foi mulher bem adiantada do seu tempo. Foi determinada, corajosa e carismática. O livro mostra uma mulher vencedora, espiritualista, fiel ás suas raízes e ao seu povo. Estrela meteórica. Modelo de espírito de luta e de auto-superação, de fé em si mesma e em Deus do céu.
Tags: espiritualidade, autosuperação, fatalidade
Vagner Fernandes. “Clara Nunes - Guerreira da Utopia”. Rio: Ediouro, 2007.
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Ernani Xavier
MÁGICA CLARIDADE
Vagner Fernandes compôs uma obra biográfica “Clara Nunes, guerreira da utopia”, celebrando os vinte anos da morte da cantora. Tragédias marcaram a infância de Clara Francisca Gonçalves Nunes. Perdeu os pais aos seis anos de idade. O seu irmão mais velho que a adotara foi envolvido em crime que tem conecções com ela. Matou um jovem que a teria difamado. Mudou-se do interior para Belo Horizonte, onde sofreu dificuldades e privações durante grande parte da sua adolescência. Tentou a sorte como artista e se deu bem, assumindo o nome de Clara Nunes. Logo começou a conquistar grande popularidade e projeção em âmbito nacional. A narrativa caracteriza-se pela objetividade jornalística e a fidelidade aos fatos ocorridos na vida da cantora. Pessoas que a acompanharam na caminhada de glórias na carreira foram procuradas para dar os seus depoimentos. Este foi o caso do seu primeiro namorado, Aurino Araújo, quem influenciara a mudança de Clara para o Rio. Teve de enfrentar e vencer muitos dilemas e as naturais inseguranças da mudança. Começou a escalada de sucessos com uma composição de Carlos Imperial, "Você passa, eu acho graça". Testemunho na época a acirrada competição entre a Bossa Nova, Tropicália (Caetano e Gil) e a Jovem Guarda, ficando relegada a um plano secundário. Clara queria ter filhos, constituir uma família e havia encontrado em Paulo César, produtor de alguns dos seus discos, com quem casara, o parceiro ideal para isso. O historiador afirma que, “ Clara manteve ao redor de si ao longo da carreira um círculo de compositores fiéis como alguns bambas da Velha Guarda da Portela, Nelson Cavaquinho, a dupla Romildo e Toninho, Mauro Duarte, João Nogueira, assim como sempre foi acompanhada em suas apresentações ao vivo pelos músicos do Conjunto Nosso Samba, desde sua adesão ao gênero até os últimos shows”. O Convívio co Chico Buarque, Paulinho da Viola lhe foi muito favorável também. Apareceram dois sucessos: "Na linha do mar" e "Coração Leviano". A cantora morreu em decorrência de complicações pós-operatórias que resultaram em polêmica e controvérsias. Hoje, se viva, seria membro ativo da geração da música popular na facha dos sessenta: como outros monstros como Chico, Gil, Milton, Caetano, Ben e Paulinho da Viola. Morreu no auge da brilhante carreira. Tinha lançado meses antes, o álbum revolucionário, Nações. Clara passou, sem que ninguém, dessa vez tenha achado tanta graça. Passou e marcou. Marcou bem no fundo a sua personalidade e o seu nome na sua biografia e nas nossas. Marcou uma época inteira. Fez da sua presença e mágico poder vocal, uma arma de guerra. O seu timbre transmitia verdade. Exerceu, com certeza, a par da inesquecível irmã, Elis Regina, influência espiritual sobre a nova geração de mulheres e lhes deu inspiração par o seu canto. Clara foi mulher bem adiantada do seu tempo. Foi determinada, corajosa e carismática. O livro mostra uma mulher vencedora, espiritualista, fiel ás suas raízes e ao seu povo. Estrela meteórica. Modelo de espírito de luta e de auto-superação, de fé em si mesma e em Deus do céu.
Tags: espiritualidade, autosuperação, fatalidade
Vagner Fernandes. “Clara Nunes - Guerreira da Utopia”. Rio: Ediouro, 2007.
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ANOREXIA E BULIMIA
RESENHA
Ernani Xavier
A TIRANIA DAS DIETAS
O livro “Anorexia e Bulimia” da escritora americana, Julia Buckroyd, Julia trata duas endemias consideradas hoje como a “doenças dos jovens”. O livro traz informações atualizadas sobre o assunto, que ainda é pouco conhecido e que atinge uma enorme camada de jovens entre 15 e 25 anos de idade. A autora esclarece como a sociedade e a cultura colaboram com a criação dessas doenças, descreve os sintomas, as conseqüências e também como ajudar no âmbito familiar e profissional. Seu texto é didático, bem organizado e os temas bem distribuídos. A primeira parte define os conceitos. A segunda parte trata das causas e trata de como enfrentar a vida e as pressões culturais e sociais. A terceira parte orienta sobre como obter ajuda tanto pelas estratégias de autoajuda como a procura da ajuda profissional. A autora esclarece que, “Este livro foi escrito originalmente como um guia para pessoas que sofrem de anorexia e para os seus familiares e amigos. Também pode ser útil para dar uma visão geral sobre o problema a alguns profissionais da saúde” Descreve o comportamento de uma pessoa anoríxica e de uma pessoa bulímica e dos efeitos psicológicos e físicos gerados. “Ao longo desses anos que venho trabalhando com pessoas que sofrem de transtornos alimentares, encontrei freqüentemente desespero tanto das vítimas como das suas famílias, gerado pela dúvida quanto á possibilidade de conseguir ajuda e se é possível se curar de anorexia e bulimia”. Por isso, o livro pode contribuir para o entendimento e a recuperação que ajude as vítimas e aqueles que as amam embarcarem juntos num processo de mudança e crescimento... A anorexia e a bulimia nervosa foram consideradas até alguns anos atrás como doenças incomuns e raras. Porém, tiveram a sua ocorrência assustadoramente aumentada recentemente. O fascínio é o corpo ideal. Há uma imensa pressão social para consegui-lo. Corpo sarado, esbelto e magro é associado ao sucesso e ao poder. Em especial adolescentes são seduzidos pelo ideal da forma perfeita já que é somente assim que serão bem-sucedidas e atribuem ao alimento a chance de realizar a sua intuição. Ocorre que estes moços vivem em um universo movido por interesses que têm o poder incontestável de manipula-los através de uma tremenda "violência simbólica". Neste contexto, as doenças são cada vez mais avassaladoras enquanto a indústria farmacêutica se torna cada vez mais poderosa. Amparada por outro segmento econômico altamente influente e poderoso, a grande mídia conduz a barbárie dentro das nossas casas. Só é bom ser magro, cada vez mais magro. As conseqüências diretas são os transtornos do comportamento alimentar, em suas diferentes modalidades – anorexia, bulimia e outros transtornos alimentares não específicos. Efetivamente, os quadros de anorexia (restritiva e/ou purgativa) e bulimia (purgativa e/ou sem purgação) relacionam-se entre si por produzirem psicopatologias comuns: idéia obsessiva para com o peso e a forma corporal, expressa pelo medo mórbido de engordar. Aí que a baixa auto-estima e a insatisfação com a imagem corporal são fatores de risco para tais transtornos alimentares. Pessoas negam as suas necessidades básicas, dedicam-se a dietas restritivas, jejuns prolongados e hábitos duvidosos de alimentar-se. A autora Julia Buckroyd deixa um recado, portanto, didático, agradável para ler, elucidativo. De elevada utilidade para jovens, pais e profissionais da saúde.
Julia Buckroyd. Anorexia e bulimia. Coleção Guias Agora,, 2000, 144 páginas.
Tags: nutrição, conduta na alimentação, transtornos do comportamento alimentar
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Ernani Xavier
A TIRANIA DAS DIETAS
O livro “Anorexia e Bulimia” da escritora americana, Julia Buckroyd, Julia trata duas endemias consideradas hoje como a “doenças dos jovens”. O livro traz informações atualizadas sobre o assunto, que ainda é pouco conhecido e que atinge uma enorme camada de jovens entre 15 e 25 anos de idade. A autora esclarece como a sociedade e a cultura colaboram com a criação dessas doenças, descreve os sintomas, as conseqüências e também como ajudar no âmbito familiar e profissional. Seu texto é didático, bem organizado e os temas bem distribuídos. A primeira parte define os conceitos. A segunda parte trata das causas e trata de como enfrentar a vida e as pressões culturais e sociais. A terceira parte orienta sobre como obter ajuda tanto pelas estratégias de autoajuda como a procura da ajuda profissional. A autora esclarece que, “Este livro foi escrito originalmente como um guia para pessoas que sofrem de anorexia e para os seus familiares e amigos. Também pode ser útil para dar uma visão geral sobre o problema a alguns profissionais da saúde” Descreve o comportamento de uma pessoa anoríxica e de uma pessoa bulímica e dos efeitos psicológicos e físicos gerados. “Ao longo desses anos que venho trabalhando com pessoas que sofrem de transtornos alimentares, encontrei freqüentemente desespero tanto das vítimas como das suas famílias, gerado pela dúvida quanto á possibilidade de conseguir ajuda e se é possível se curar de anorexia e bulimia”. Por isso, o livro pode contribuir para o entendimento e a recuperação que ajude as vítimas e aqueles que as amam embarcarem juntos num processo de mudança e crescimento... A anorexia e a bulimia nervosa foram consideradas até alguns anos atrás como doenças incomuns e raras. Porém, tiveram a sua ocorrência assustadoramente aumentada recentemente. O fascínio é o corpo ideal. Há uma imensa pressão social para consegui-lo. Corpo sarado, esbelto e magro é associado ao sucesso e ao poder. Em especial adolescentes são seduzidos pelo ideal da forma perfeita já que é somente assim que serão bem-sucedidas e atribuem ao alimento a chance de realizar a sua intuição. Ocorre que estes moços vivem em um universo movido por interesses que têm o poder incontestável de manipula-los através de uma tremenda "violência simbólica". Neste contexto, as doenças são cada vez mais avassaladoras enquanto a indústria farmacêutica se torna cada vez mais poderosa. Amparada por outro segmento econômico altamente influente e poderoso, a grande mídia conduz a barbárie dentro das nossas casas. Só é bom ser magro, cada vez mais magro. As conseqüências diretas são os transtornos do comportamento alimentar, em suas diferentes modalidades – anorexia, bulimia e outros transtornos alimentares não específicos. Efetivamente, os quadros de anorexia (restritiva e/ou purgativa) e bulimia (purgativa e/ou sem purgação) relacionam-se entre si por produzirem psicopatologias comuns: idéia obsessiva para com o peso e a forma corporal, expressa pelo medo mórbido de engordar. Aí que a baixa auto-estima e a insatisfação com a imagem corporal são fatores de risco para tais transtornos alimentares. Pessoas negam as suas necessidades básicas, dedicam-se a dietas restritivas, jejuns prolongados e hábitos duvidosos de alimentar-se. A autora Julia Buckroyd deixa um recado, portanto, didático, agradável para ler, elucidativo. De elevada utilidade para jovens, pais e profissionais da saúde.
Julia Buckroyd. Anorexia e bulimia. Coleção Guias Agora,, 2000, 144 páginas.
Tags: nutrição, conduta na alimentação, transtornos do comportamento alimentar
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A DOENÇA COMO METÁFORA
RESENHA
Ernani Xavier
MANIPULAÇÃO CULTURAL DA DOENÇA
No magnífico ensaio “A doença como metáfora”, Susan Sontag mostra como as representações sobre duas importantes patologias das sociedades modernas, o câncer e a tuberculose que são produzidas através da literatura ficcional, dos discursos médicos, psiquiátricos e militares que acabam criando e reforçando falsas crenças sobre os processos de adoecimento, associando a eles, sobretudo, um processo fatal de desenlace, de “preparação” para a morte. Este livro originalmente foi a base textual para conferências que a autora proferiu na Universidade de Nova Iorque. O seu texto não se refere à doença em si, mas, à doença usada como um símbolo ou metáfora, uma tentativa de entende-la e de explica-la a partir de conceitos subjetivos aculturados pelo inconsciente social coletivo. Para a ensaísta, doença nenhuma é uma metáfora, seria desonesto lhe atribuir significados metafóricos. “Há poucas décadas, quando o conhecimento de que se estava com tuberculose equivalia a ouvir uma sentença de morte – como hoje a imaginação popular, o câncer equivale a morte -, era comum esconder dos tuberculosos a identidade da doença e, depois que eles morriam, ocultá-la de seus filhos”. De acordo com Susan Sontag, "Apoiando a teoria sobre as causas emocionais do câncer há uma florescente literatura e um exército de pesquisadores. E raramente se passa uma semana sem que apareça um novo artigo anunciando ao público a ligação científica entre o câncer e os sentimentos dolorosos. São mencionadas as investigações científicas em que, entre, digamos, algumas centenas de cancerosos, dois terços ou três quintos declaram ter estado deprimidos ou insatisfeitos com suas vidas, ter sofrido perda de um parente, amante, cônjuge ou amigo íntimo". Para a autora, a doença tem de ser vista exclusivamente como fato biológico, não como destino ou expiação de alguma culpa. Lamenta que a medicina, em suas relações com a sociedade, interpreta a, muitas vezes, a doença, como uma punição. Isto vem de longe, argumenta, quando o pregador e escritor puritano Cotton Mather dizia que a sífilis era um castigo que o juízo justo de Deus reservava aos pecadores. No seu livro analisa a tuberculose, vista por muitos como metáfora da paixão, e o câncer, analisada como resultado da repressão da sociedade contemporânea sobre o ser humano. Estuda como elas são vistas pela sociedade como se fossem doenças provocadas pelo próprio indivíduo, como uma forma, respectivamente, de purgar pecados ou de reagir perante situações adversas. Reduzir a doença a metáfora gera preconceitos, portanto. A doença precisa ser vista não mais do que um evento físico, pois, só assim a pessoa deixaria de se sentir responsável pelo mal que carrega, despertando em si mesma alguns sentimentos de auto-rejeição e de punição. Susan Sontag escreveu sobre um tema que conhecia bem. Conhecia o mundo das doenças como poucos. Da própria luta contra o câncer, elaborou uma crítica ao pensamento coletivo sobre as doenças como um mal social ou como a interpretação de uma punição ao ser humano. Muitas são as pesquisas e os artigos sobre as influências da felicidade sobre o sistema imunológico, assim como os que comparam a depressão e os estados melancólicos aos estados de deficiências das defesas orgânicas. Conclui vaticinando que, “certamente, é provável que a linguagem usada sobre o câncer evolua nos anos vindouros”. Decisivamente, deverá mudar quando a doença for finalmente compreendida e a proporção de curas se tornar mais elevadas. Contudo, nessa época talvez ninguém mais irá comparar o câncer como algo terrível ou como um castigo.
Susan Sontag. A Doença Como Metáfora. Rio: Graal, 2004.110 páginas.
tags: mistificação da doença, honestidade na medicina, autoconsciência
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Ernani Xavier
MANIPULAÇÃO CULTURAL DA DOENÇA
No magnífico ensaio “A doença como metáfora”, Susan Sontag mostra como as representações sobre duas importantes patologias das sociedades modernas, o câncer e a tuberculose que são produzidas através da literatura ficcional, dos discursos médicos, psiquiátricos e militares que acabam criando e reforçando falsas crenças sobre os processos de adoecimento, associando a eles, sobretudo, um processo fatal de desenlace, de “preparação” para a morte. Este livro originalmente foi a base textual para conferências que a autora proferiu na Universidade de Nova Iorque. O seu texto não se refere à doença em si, mas, à doença usada como um símbolo ou metáfora, uma tentativa de entende-la e de explica-la a partir de conceitos subjetivos aculturados pelo inconsciente social coletivo. Para a ensaísta, doença nenhuma é uma metáfora, seria desonesto lhe atribuir significados metafóricos. “Há poucas décadas, quando o conhecimento de que se estava com tuberculose equivalia a ouvir uma sentença de morte – como hoje a imaginação popular, o câncer equivale a morte -, era comum esconder dos tuberculosos a identidade da doença e, depois que eles morriam, ocultá-la de seus filhos”. De acordo com Susan Sontag, "Apoiando a teoria sobre as causas emocionais do câncer há uma florescente literatura e um exército de pesquisadores. E raramente se passa uma semana sem que apareça um novo artigo anunciando ao público a ligação científica entre o câncer e os sentimentos dolorosos. São mencionadas as investigações científicas em que, entre, digamos, algumas centenas de cancerosos, dois terços ou três quintos declaram ter estado deprimidos ou insatisfeitos com suas vidas, ter sofrido perda de um parente, amante, cônjuge ou amigo íntimo". Para a autora, a doença tem de ser vista exclusivamente como fato biológico, não como destino ou expiação de alguma culpa. Lamenta que a medicina, em suas relações com a sociedade, interpreta a, muitas vezes, a doença, como uma punição. Isto vem de longe, argumenta, quando o pregador e escritor puritano Cotton Mather dizia que a sífilis era um castigo que o juízo justo de Deus reservava aos pecadores. No seu livro analisa a tuberculose, vista por muitos como metáfora da paixão, e o câncer, analisada como resultado da repressão da sociedade contemporânea sobre o ser humano. Estuda como elas são vistas pela sociedade como se fossem doenças provocadas pelo próprio indivíduo, como uma forma, respectivamente, de purgar pecados ou de reagir perante situações adversas. Reduzir a doença a metáfora gera preconceitos, portanto. A doença precisa ser vista não mais do que um evento físico, pois, só assim a pessoa deixaria de se sentir responsável pelo mal que carrega, despertando em si mesma alguns sentimentos de auto-rejeição e de punição. Susan Sontag escreveu sobre um tema que conhecia bem. Conhecia o mundo das doenças como poucos. Da própria luta contra o câncer, elaborou uma crítica ao pensamento coletivo sobre as doenças como um mal social ou como a interpretação de uma punição ao ser humano. Muitas são as pesquisas e os artigos sobre as influências da felicidade sobre o sistema imunológico, assim como os que comparam a depressão e os estados melancólicos aos estados de deficiências das defesas orgânicas. Conclui vaticinando que, “certamente, é provável que a linguagem usada sobre o câncer evolua nos anos vindouros”. Decisivamente, deverá mudar quando a doença for finalmente compreendida e a proporção de curas se tornar mais elevadas. Contudo, nessa época talvez ninguém mais irá comparar o câncer como algo terrível ou como um castigo.
Susan Sontag. A Doença Como Metáfora. Rio: Graal, 2004.110 páginas.
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PAI RICO, PAI POBRE
RESENHA
Ernani Xavier
PATERNIDADE CÚMPLICE
Robert T. Kiyosaki e Sharnon L. Lechter ao escreverem “Pai Rico, Pai Pobre”, não imaginavam o sucesso que o livro faria, no mundo todo. Para defini-lo seria suficiente dizer que se trata de um livro de aconselhamentos sobre a gestão do dinheiro, de como tomar determinados cuidados para com investimentos, proteger o capital e construir bases para investimentos inteligentes. Os pais ricos e os pobres dos autores possuem valores muito diferentes quanto á administração do dinheiro e os transmitem aos seus filhos. Os mais pobres estão ainda na era industrial, era do trabalho duro, era da dependência do capital de terceiros. Os mais ricos vivem nos padrões inspirados na era da informação. Ambos têm atitudes radicalmente diferentes diante do fator prosperidade. As recomendações dos autores cobrem com muita lucidez os temas, Independência Econômica e Alfabetização Financeira. No seu livro ambos os autores fazem o papel de pais ricos: compartilham percepções e insights sobre como na prática cotidiana uma atuação mais inteligente sobre o dinheiro pode repercutir na solução de muitos problemas comuns da vida de cada um. Sem uma revisão radical dos conceitos a tendência é seguirmos as fórmulas existentes: trabalhar com afinco, poupar, fazer empréstimos e pagar muitos e muitos impostos. Deve-se chegar ao ponto de se escolher o destino do dinheiro que se recebe. “A escolha é de cada um. A cada dia, a cada nota, decidimos ser rico, pobre ou classe média. Dividir este conhecimento com os filhos é a melhor maneira de prepará-los para o mundo que os aguarda”. Ninguém, para tal fim, substitui o pai. Os autores esclarecem que “É hora das pessoas se ocuparem com seus próprios negócios. Um emprego significa que você está sendo pago para se ocupar com o negócio dos outros”. Atualmente e para o futuro, estamos na era da informação. As regras são outras. A maioria das grandes empresas está dizendo: "Nós não vamos mais pagar sua aposentadoria. Você tem que pagar". Fala igualmente do sistema escolar, alertando que este ainda está na era industrial, o qual mostra que se quiserem segurança as pessoas têm de correr atrás de emprego, porém, adverte: “as pessoas têm que parar de trabalhar por dinheiro e começar a fazer o dinheiro trabalhar por elas”. Denunciam: “as empresas tradicionais são as verdadeiras pirâmides”. Sugerem o Marketing Multinível como o modelo alternativo mais conveniente. A recomendação é clara: “Deixe de ser empregado. Quando isto acontece, você começa a se beneficiar das taxas diferenciadas. Você deixa de viver com um pobre ou classe média e começa a viver como os prósperos vivem. Os empregados trabalham e tem as taxas deduzidas de seu rendimento bruto e aí pagam suas contas e depois tentam investir o que foi deixado para trás o que geralmente é nada”. Alertam que leva tempo para as pessoas aprenderem a operar diferentemente, pois, “a maioria das pessoas foi treinada para pensar como trabalhadores medievais, trabalham muito, pagam uma grande quantidade de dinheiro para o lorde (o governo) e vivem com o resto”. A chave da questão: Primeiro você tem que ser uma pessoa rica. Planeje ser rico. Em essência, precisa-se de mudar o foco. Seguir o modelo de um “pai”, conselheiro, modelo que seja voltado para multiplicar rendimentos e não dividi-los. Este é o retrato do nosso pai pobre. Doa ao governo, ao empregador, a todos, enfim a maior parte do que consegue miseramente ganhar.
Robert T. Kiyosaki, Sharnon L. Lechter. Pai Rico, Pai Pobre. São Paulo: Campus, 2007.
TAGS: gestão da renda pessoal, investimento, independência financeira
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Ernani Xavier
PATERNIDADE CÚMPLICE
Robert T. Kiyosaki e Sharnon L. Lechter ao escreverem “Pai Rico, Pai Pobre”, não imaginavam o sucesso que o livro faria, no mundo todo. Para defini-lo seria suficiente dizer que se trata de um livro de aconselhamentos sobre a gestão do dinheiro, de como tomar determinados cuidados para com investimentos, proteger o capital e construir bases para investimentos inteligentes. Os pais ricos e os pobres dos autores possuem valores muito diferentes quanto á administração do dinheiro e os transmitem aos seus filhos. Os mais pobres estão ainda na era industrial, era do trabalho duro, era da dependência do capital de terceiros. Os mais ricos vivem nos padrões inspirados na era da informação. Ambos têm atitudes radicalmente diferentes diante do fator prosperidade. As recomendações dos autores cobrem com muita lucidez os temas, Independência Econômica e Alfabetização Financeira. No seu livro ambos os autores fazem o papel de pais ricos: compartilham percepções e insights sobre como na prática cotidiana uma atuação mais inteligente sobre o dinheiro pode repercutir na solução de muitos problemas comuns da vida de cada um. Sem uma revisão radical dos conceitos a tendência é seguirmos as fórmulas existentes: trabalhar com afinco, poupar, fazer empréstimos e pagar muitos e muitos impostos. Deve-se chegar ao ponto de se escolher o destino do dinheiro que se recebe. “A escolha é de cada um. A cada dia, a cada nota, decidimos ser rico, pobre ou classe média. Dividir este conhecimento com os filhos é a melhor maneira de prepará-los para o mundo que os aguarda”. Ninguém, para tal fim, substitui o pai. Os autores esclarecem que “É hora das pessoas se ocuparem com seus próprios negócios. Um emprego significa que você está sendo pago para se ocupar com o negócio dos outros”. Atualmente e para o futuro, estamos na era da informação. As regras são outras. A maioria das grandes empresas está dizendo: "Nós não vamos mais pagar sua aposentadoria. Você tem que pagar". Fala igualmente do sistema escolar, alertando que este ainda está na era industrial, o qual mostra que se quiserem segurança as pessoas têm de correr atrás de emprego, porém, adverte: “as pessoas têm que parar de trabalhar por dinheiro e começar a fazer o dinheiro trabalhar por elas”. Denunciam: “as empresas tradicionais são as verdadeiras pirâmides”. Sugerem o Marketing Multinível como o modelo alternativo mais conveniente. A recomendação é clara: “Deixe de ser empregado. Quando isto acontece, você começa a se beneficiar das taxas diferenciadas. Você deixa de viver com um pobre ou classe média e começa a viver como os prósperos vivem. Os empregados trabalham e tem as taxas deduzidas de seu rendimento bruto e aí pagam suas contas e depois tentam investir o que foi deixado para trás o que geralmente é nada”. Alertam que leva tempo para as pessoas aprenderem a operar diferentemente, pois, “a maioria das pessoas foi treinada para pensar como trabalhadores medievais, trabalham muito, pagam uma grande quantidade de dinheiro para o lorde (o governo) e vivem com o resto”. A chave da questão: Primeiro você tem que ser uma pessoa rica. Planeje ser rico. Em essência, precisa-se de mudar o foco. Seguir o modelo de um “pai”, conselheiro, modelo que seja voltado para multiplicar rendimentos e não dividi-los. Este é o retrato do nosso pai pobre. Doa ao governo, ao empregador, a todos, enfim a maior parte do que consegue miseramente ganhar.
Robert T. Kiyosaki, Sharnon L. Lechter. Pai Rico, Pai Pobre. São Paulo: Campus, 2007.
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DECIFRANDO O CÓDIGO DA VINCI
RESENHA
Ernani Xavier
UM CÓDIGO INDECIFRADO
Este livro, “Decifrando O Código Da Vinvi”, é um dentre os diversos que foram escritos em resposta ao famoso best-seller “O Código Da Vinci”, escrito pelo professor norte-americano Dan Brown. Ele considera a Igreja Católica o fruto de uma farsa. Na versão de Brown, Jesus Cristo seria um homem como qualquer. Casou. Teve filhos com Maria Madalena. A verdadeira liderança da cristandade teria inicialmente sido exercida por esta mulher. Neste texto do professor Brown, dois protagonistas seguem pistas que os conduzem a uma das “maiores conspirações da história”. Cristo seria, portanto, uma invenção romana. Todos os evangelhos seriam 84 evangelhos, mas foram publicados apenas quatro deles, aqueles que mais condiriam com os ideais dos inventores do catolicismo. Da Vinci seria um herdeiro da milícia dos templários, detentor de segredos chaves da organização católica e teria revelado alguns deles. Uma das pistas é o quadro que ele produziu, “A Santa Ceia” da qual a Virgem Maria teria participado e deveria estar na tela. Tudo o que o Código Da Vinvi revela gerou enorme polêmica nos meios literários. Um dos livros que reagiu ás revelações de Brown é o de Simon Cox, “Decifrando o Código Da Vinvi”. Neste livro o autor contesta nomes dos personagens, os locais citados na trama e analisa as obras do pintor Da Vinci citadas. Cox mostra que não seria possível a Igreja “esconder algo de nós durante dois milênios”. Ao denunciar o romance como “um embuste e um crime atroz contra as pessoas tementes a Deus". Simon Cox sustenta que "muitas pessoas sentem-se insatisfeitas com a forma como foram ensinadas a pensar e a acreditar, e um desejo de saírem da concha e de aprofundarem os mistérios da vida está a ganhar ímpeto, enquanto nos fixamos no século XXI". E conclui: "Este é o nervo à flor da pele sobre o qual saltou 'O Código da Vinci'". O livro do teólogo Simon Cox contesta, igualmente com documentos considerados válidos, as assertivas do professor Dan Brown. E a briga parece ir longe. A trama envolvente de mistério, um engenhoso apanhado de enigmas esotéricos e teorias conspiratórias sobre temas considerados relevantes como, a Ordem dos Templários e a natureza do Santo Graal ainda vão render muita literatura. Entretanto é bom que se tire o melhor proveito desta discussão: conhecer melhor a sua personagem central, Leonardo da Vinci. Leonardo da Vinci (1452-1519). Por certo não foi à toa que Brown resolveu mencionar, já no título de seu romance, o criador renascentista. Leonardo causou assombro em seu tempo e continua a fazê-lo hoje. Há mais de um milhão de páginas na internet dedicadas a esse personagem. A livraria virtual Amazon tem 9.900 livros sobre Da Vinci. Sua versatilidade era espantosa. Leonardo foi engenheiro, escritor, cientista, músico, arquiteto, escultor. Foi o melhor de seu tempo em quase todos esses campos. Foi o melhor de todos, por todos os tempos, na pintura. Há mais de 500 anos, em 1504, Leonardo podia ser encontrado diante de um cavalete dando vida ao quadro mais famoso da história, a Mona Lisa. Costuma-se dizer que ele foi um homem à frente de sua época. A se fiar em um ditado que atravessou eras, segundo o qual "o que é feito com tempo, o tempo respeita", pode-se afirmar que Leonardo da Vinci, pela eternidade de suas obras, foi também senhor do tempo. É a sensação que se tem quando se lembra que Da Vinci descobriu o princípio do automóvel, do submarino, do helicóptero, das eclusas, dos tanques de guerra, dos pára-quedas... Ele fez mais do que protótipos. Mostrou o princípio das coisas. Esta é uma dimensão importante da polêmica do Código.
Simon Cox. Decifrando o Código Da Vinci. Rio:Bertrand, 2005. 176 Páginas.
pALAVRAS-CHAVE: Catolicismo, Leonardo da Vinci, mistérios da humanidade
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Ernani Xavier
UM CÓDIGO INDECIFRADO
Este livro, “Decifrando O Código Da Vinvi”, é um dentre os diversos que foram escritos em resposta ao famoso best-seller “O Código Da Vinci”, escrito pelo professor norte-americano Dan Brown. Ele considera a Igreja Católica o fruto de uma farsa. Na versão de Brown, Jesus Cristo seria um homem como qualquer. Casou. Teve filhos com Maria Madalena. A verdadeira liderança da cristandade teria inicialmente sido exercida por esta mulher. Neste texto do professor Brown, dois protagonistas seguem pistas que os conduzem a uma das “maiores conspirações da história”. Cristo seria, portanto, uma invenção romana. Todos os evangelhos seriam 84 evangelhos, mas foram publicados apenas quatro deles, aqueles que mais condiriam com os ideais dos inventores do catolicismo. Da Vinci seria um herdeiro da milícia dos templários, detentor de segredos chaves da organização católica e teria revelado alguns deles. Uma das pistas é o quadro que ele produziu, “A Santa Ceia” da qual a Virgem Maria teria participado e deveria estar na tela. Tudo o que o Código Da Vinvi revela gerou enorme polêmica nos meios literários. Um dos livros que reagiu ás revelações de Brown é o de Simon Cox, “Decifrando o Código Da Vinvi”. Neste livro o autor contesta nomes dos personagens, os locais citados na trama e analisa as obras do pintor Da Vinci citadas. Cox mostra que não seria possível a Igreja “esconder algo de nós durante dois milênios”. Ao denunciar o romance como “um embuste e um crime atroz contra as pessoas tementes a Deus". Simon Cox sustenta que "muitas pessoas sentem-se insatisfeitas com a forma como foram ensinadas a pensar e a acreditar, e um desejo de saírem da concha e de aprofundarem os mistérios da vida está a ganhar ímpeto, enquanto nos fixamos no século XXI". E conclui: "Este é o nervo à flor da pele sobre o qual saltou 'O Código da Vinci'". O livro do teólogo Simon Cox contesta, igualmente com documentos considerados válidos, as assertivas do professor Dan Brown. E a briga parece ir longe. A trama envolvente de mistério, um engenhoso apanhado de enigmas esotéricos e teorias conspiratórias sobre temas considerados relevantes como, a Ordem dos Templários e a natureza do Santo Graal ainda vão render muita literatura. Entretanto é bom que se tire o melhor proveito desta discussão: conhecer melhor a sua personagem central, Leonardo da Vinci. Leonardo da Vinci (1452-1519). Por certo não foi à toa que Brown resolveu mencionar, já no título de seu romance, o criador renascentista. Leonardo causou assombro em seu tempo e continua a fazê-lo hoje. Há mais de um milhão de páginas na internet dedicadas a esse personagem. A livraria virtual Amazon tem 9.900 livros sobre Da Vinci. Sua versatilidade era espantosa. Leonardo foi engenheiro, escritor, cientista, músico, arquiteto, escultor. Foi o melhor de seu tempo em quase todos esses campos. Foi o melhor de todos, por todos os tempos, na pintura. Há mais de 500 anos, em 1504, Leonardo podia ser encontrado diante de um cavalete dando vida ao quadro mais famoso da história, a Mona Lisa. Costuma-se dizer que ele foi um homem à frente de sua época. A se fiar em um ditado que atravessou eras, segundo o qual "o que é feito com tempo, o tempo respeita", pode-se afirmar que Leonardo da Vinci, pela eternidade de suas obras, foi também senhor do tempo. É a sensação que se tem quando se lembra que Da Vinci descobriu o princípio do automóvel, do submarino, do helicóptero, das eclusas, dos tanques de guerra, dos pára-quedas... Ele fez mais do que protótipos. Mostrou o princípio das coisas. Esta é uma dimensão importante da polêmica do Código.
Simon Cox. Decifrando o Código Da Vinci. Rio:Bertrand, 2005. 176 Páginas.
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FELICIDADE AUTÊNTICA
RESENHA
Ernani Xavier
PESSOAS MAIS FELIZES SÃO MAIS QUERIDAS
Martin E. P. Seligman escreveu “Felicidade Autêntica” como um relato de pesquisa para mostrar que existe uma psicologia positiva, aquela que tem o poder de reverter os ataques á auto-estima e manter a pessoa com otimismo e bom humor. Para o autor, felicidade autêntica é isto. O texto de Seligman atinge o propósito mudar a maneira tradicional como as pessoas vêem a psicologia. Na realidade aquilo que tem sido chamado de Psicologia Positiva se caracteriza como um revolucionário movimento. Ele ajuda a entender a emoção coletiva, desenvolver força e vigor pessoal, níveis sustentáveis de alegria, gratificação e significados autênticos em nossas vidas. Na primeira parte do livro, o autor trata de emoções positivas momentâneas e se dedica a responder as questões: “Por que a evolução nos dotou de sentimentos positivos? Quais são as funções e conseqüências dessas emoções, além de nos fazer sentir bem? Quem tem emoções positivas em abundância e quem não tem? O que permite e o que impede essas emoções? Como integrar mais emoção positiva e estável à vida?” No conjunto das respostas o autor mostra o quanto a psicologia clássica deixou um pouco de lado o aspecto positivo da personalidade, a felicidade dão ser humano. Ele argumenta que, para cada cem textos publicados que abordam a tristeza, apenas um trata da questão da felicidade. Portanto, o propósito do seu livro foi corrigir tal defasagem incentivando que aqueles estudos da psicologia que acumulam saberes sobre sofrimento e doença mental sejam complementados por novos conhecimentos sobre emoções positivas, virtudes e forças pessoais. O autor assegura que, quando o bem-estar é fruto da integração das nossas forças e virtudes, a vida fica imbuída de autenticidade. O autor se concentra na identificação das forças pessoais típicas de cada personalidade e de que forma conhecê-las pode significar o caminho para o maior sucesso na vida e a mais profunda satisfação emocional. O trabalho de Seligman possibilita uma reflexão pessoal e científica altamente perspicaz sobre a natureza da felicidade.É a psicologia levando a sério a alegria, o prazer e a felicidade, dimensões esquecidas nos estudos clássicos. O autor torna-se um porta-voz do novo movimento de Psicologia Positiva, que enfoca a saúde mental, e não a doença mental. Identifica características e estratégias de pessoas com um perfil positivo, e explica como cultivar e experimentar, a maior parte do tempo, felicidade autêntica e outros estados emocionais desejáveis. Ensina como aplicar as melhores e mais recentes descobertas científicas da psicologia às mais antigas e básicas indagações humanas sobre si mesmo, sobre a sua vida, sobre as atitudes com relação a aspectos vitais da relação do homem com o seu desafiante mundo contemporâneo. Usa as ricas e surpreendentes descobertas de um campo ainda novo, chamado psicologia positiva, para melhorar a saúde mental, moral e espiritual de seus leitores. O autor é professor de Psicologia na Universidade da Pensilvânia e diretor da Positive Psycholog Network. Entre seus mais de vinte livros, destacam-se: O que você pode e o que não pode mudar, também lançado pela Editora Objetiva; The Optimistic Child e Learned Optimism. Mais de 90% de pessoas consideradas felizes ultrapassam os 80 anos, enquanto menos de 34% de pessoas infelizes chegam a esta idade, já que, as pessoas felizes têm em comum, hábitos de vida mais saudáveis, pressão arterial mais baixa e sistema imunológico mais ativo que as infelizes. Isto pode resultar em longevidade, afirma o autor. Mais, as pessoas felizes são as mais queridas pelos outros e tendem a ser mais tolerantes e criativas.
Martin E. P. Seligman. Felicidade Autêntica. Rio: Editora Objetiva, 336 páginas
Palavras-chave: felicidade, equilíbrio emocional, personalidade
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Ernani Xavier
PESSOAS MAIS FELIZES SÃO MAIS QUERIDAS
Martin E. P. Seligman escreveu “Felicidade Autêntica” como um relato de pesquisa para mostrar que existe uma psicologia positiva, aquela que tem o poder de reverter os ataques á auto-estima e manter a pessoa com otimismo e bom humor. Para o autor, felicidade autêntica é isto. O texto de Seligman atinge o propósito mudar a maneira tradicional como as pessoas vêem a psicologia. Na realidade aquilo que tem sido chamado de Psicologia Positiva se caracteriza como um revolucionário movimento. Ele ajuda a entender a emoção coletiva, desenvolver força e vigor pessoal, níveis sustentáveis de alegria, gratificação e significados autênticos em nossas vidas. Na primeira parte do livro, o autor trata de emoções positivas momentâneas e se dedica a responder as questões: “Por que a evolução nos dotou de sentimentos positivos? Quais são as funções e conseqüências dessas emoções, além de nos fazer sentir bem? Quem tem emoções positivas em abundância e quem não tem? O que permite e o que impede essas emoções? Como integrar mais emoção positiva e estável à vida?” No conjunto das respostas o autor mostra o quanto a psicologia clássica deixou um pouco de lado o aspecto positivo da personalidade, a felicidade dão ser humano. Ele argumenta que, para cada cem textos publicados que abordam a tristeza, apenas um trata da questão da felicidade. Portanto, o propósito do seu livro foi corrigir tal defasagem incentivando que aqueles estudos da psicologia que acumulam saberes sobre sofrimento e doença mental sejam complementados por novos conhecimentos sobre emoções positivas, virtudes e forças pessoais. O autor assegura que, quando o bem-estar é fruto da integração das nossas forças e virtudes, a vida fica imbuída de autenticidade. O autor se concentra na identificação das forças pessoais típicas de cada personalidade e de que forma conhecê-las pode significar o caminho para o maior sucesso na vida e a mais profunda satisfação emocional. O trabalho de Seligman possibilita uma reflexão pessoal e científica altamente perspicaz sobre a natureza da felicidade.É a psicologia levando a sério a alegria, o prazer e a felicidade, dimensões esquecidas nos estudos clássicos. O autor torna-se um porta-voz do novo movimento de Psicologia Positiva, que enfoca a saúde mental, e não a doença mental. Identifica características e estratégias de pessoas com um perfil positivo, e explica como cultivar e experimentar, a maior parte do tempo, felicidade autêntica e outros estados emocionais desejáveis. Ensina como aplicar as melhores e mais recentes descobertas científicas da psicologia às mais antigas e básicas indagações humanas sobre si mesmo, sobre a sua vida, sobre as atitudes com relação a aspectos vitais da relação do homem com o seu desafiante mundo contemporâneo. Usa as ricas e surpreendentes descobertas de um campo ainda novo, chamado psicologia positiva, para melhorar a saúde mental, moral e espiritual de seus leitores. O autor é professor de Psicologia na Universidade da Pensilvânia e diretor da Positive Psycholog Network. Entre seus mais de vinte livros, destacam-se: O que você pode e o que não pode mudar, também lançado pela Editora Objetiva; The Optimistic Child e Learned Optimism. Mais de 90% de pessoas consideradas felizes ultrapassam os 80 anos, enquanto menos de 34% de pessoas infelizes chegam a esta idade, já que, as pessoas felizes têm em comum, hábitos de vida mais saudáveis, pressão arterial mais baixa e sistema imunológico mais ativo que as infelizes. Isto pode resultar em longevidade, afirma o autor. Mais, as pessoas felizes são as mais queridas pelos outros e tendem a ser mais tolerantes e criativas.
Martin E. P. Seligman. Felicidade Autêntica. Rio: Editora Objetiva, 336 páginas
Palavras-chave: felicidade, equilíbrio emocional, personalidade
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domingo, 27 de janeiro de 2008
O NOME DA MORTE
RESENHA
Ernani Xavier
PROFISSÃO: ASSASSINO
O livro “O nome da morte” é uma biografia, ou mais precisamente, uma reportagem investigativa. É história acontecida. O escritor é Kléster Cavalcanti, o protagonista, Júlio Santana, um jovem cuja profissão é simplesmente matar outras pessoas. Ao todo foram quase 500, antes de ter completado 35 anos de idade. Tudo anotado num caderninho. Sem que “pareça um sujeito violento ou agressivo”, conforme diz o autor, além do que, estava super a fim de falar sobre isso. Da longa conversa saiu o livro. No início da sua carreira Júlio Santana tinha apenas 17 anos. Matou um cara que abusara sexualmente de uma garotinha de 13 anos, ao mando do pai da menina. Era só um caçador. Dons bons. Tinha ótima pontaria. Ajudava a sustentar a família bem no sul do Maranhão, no lugarejo de Porto Franco. Já tinha um parente que cobrava para matar, o tio Cícero que também era policial. Como o tio Cícero adoeceu na véspera de uma execução, o sobrinho Júlio Santana o substituiu. Fez o serviço. Matou um pescador. Aprendeu com isso o seguinte: “se você não fizer o serviço, quem vai acabar morrendo sou eu. (...) nesse negócio é assim. Depois que a gente recebe o dinheiro, tem de fazer o serviço. Senão, quem acaba assassinado é o próprio pistoleiro. Você quer que eu morra?”. Dito e feito. Santana já era considerado um bom profissional a partir de então. Logo uma tarefa importante foi ajudar uns militares do exército a matar uns comunistas, em 1972, na cassa a guerrilheiros na famosa Guerrilha do Araguaia. Santana, assim, se tornara, sem saber, personagem da História Contemporânea do Brasil. Tudo isso influenciado pelo tio Cícero, seu mecenas. Era nas redondezas de Xambioá, na época, Goiás. Em Xambioá Júlio Santana assessorou um grupo e puderam caçar um guerrilheiro graúdo, José Genuíno. Disiludiu-se com uma namorada de anos. Vai morar em definitivo numa cidade grande, Imperatriz, onde vive o tio Cícero. O livro não é inventado. Nas palavras do autor: “Não há nada de ficção. Todos os nomes do meu livro são reais. Carlos Marra, por exemplo, é o nome do delegado que comandou o grupo do Júlio Santana no Araguaia. Inclusive, todos os nomes de mandantes de crimes e de vítimas são reais. Não usei a minha imaginação para nada. O livro é uma grande reportagem investigativa. Passei sete anos trabalhando na história do matador Júlio Santana”. Durante os sete anos que o autor trabalhou na investigação, sempre foi por telefone. Só no finalzinho, em 2006 foi que conheceu Júlio Santana em pessoa. Foi até Porto Franco. Morou três dias com Júlio Santana, segundo ele, “um homem calmo, bem-humorado, caseiro, carinhoso com a mulher e com os filhos e muito religioso. Um homem aparentemente comum. Perfil bem diferente dos assassinos que povoam a literatura e o cinema”. O trabalho de Kléster Cavalcanti mostra que para matar o cara não precisa ter as feições de um conde drácula ou olhos esbugalhados. Ele pode morar na tua casa e até mesmo demonstrar alguma afeição por você. O instinto de morte não é necessariamente agressivo. Matar pode não ser um prazer, pois, no caso de Júlio Santana, é uma profissão. Pode ter lá princípios como aquele que o tio Cícero ensinava: “Se você não matar, o infeliz vai morrer na mão de outro e tu deixa de faturar um dinheiro”. Terá também algum código de ética: “Jamais identifique o mandante, além de não receber, pode pagar caro por isso...” É um livro gostoso de ler. Surpreendente. Altamente revelador da natureza humana. O seu lado mais frio. Impressionantemente realista.
Klester Cavalcanti. O Nome da Morte. Rio: Planeta Brasil, 2007.
Palavras-chave: impunidade, investigação jornalística, banalização da vida humana
http://planetalivros.blogspot.com/
Ernani Xavier
PROFISSÃO: ASSASSINO
O livro “O nome da morte” é uma biografia, ou mais precisamente, uma reportagem investigativa. É história acontecida. O escritor é Kléster Cavalcanti, o protagonista, Júlio Santana, um jovem cuja profissão é simplesmente matar outras pessoas. Ao todo foram quase 500, antes de ter completado 35 anos de idade. Tudo anotado num caderninho. Sem que “pareça um sujeito violento ou agressivo”, conforme diz o autor, além do que, estava super a fim de falar sobre isso. Da longa conversa saiu o livro. No início da sua carreira Júlio Santana tinha apenas 17 anos. Matou um cara que abusara sexualmente de uma garotinha de 13 anos, ao mando do pai da menina. Era só um caçador. Dons bons. Tinha ótima pontaria. Ajudava a sustentar a família bem no sul do Maranhão, no lugarejo de Porto Franco. Já tinha um parente que cobrava para matar, o tio Cícero que também era policial. Como o tio Cícero adoeceu na véspera de uma execução, o sobrinho Júlio Santana o substituiu. Fez o serviço. Matou um pescador. Aprendeu com isso o seguinte: “se você não fizer o serviço, quem vai acabar morrendo sou eu. (...) nesse negócio é assim. Depois que a gente recebe o dinheiro, tem de fazer o serviço. Senão, quem acaba assassinado é o próprio pistoleiro. Você quer que eu morra?”. Dito e feito. Santana já era considerado um bom profissional a partir de então. Logo uma tarefa importante foi ajudar uns militares do exército a matar uns comunistas, em 1972, na cassa a guerrilheiros na famosa Guerrilha do Araguaia. Santana, assim, se tornara, sem saber, personagem da História Contemporânea do Brasil. Tudo isso influenciado pelo tio Cícero, seu mecenas. Era nas redondezas de Xambioá, na época, Goiás. Em Xambioá Júlio Santana assessorou um grupo e puderam caçar um guerrilheiro graúdo, José Genuíno. Disiludiu-se com uma namorada de anos. Vai morar em definitivo numa cidade grande, Imperatriz, onde vive o tio Cícero. O livro não é inventado. Nas palavras do autor: “Não há nada de ficção. Todos os nomes do meu livro são reais. Carlos Marra, por exemplo, é o nome do delegado que comandou o grupo do Júlio Santana no Araguaia. Inclusive, todos os nomes de mandantes de crimes e de vítimas são reais. Não usei a minha imaginação para nada. O livro é uma grande reportagem investigativa. Passei sete anos trabalhando na história do matador Júlio Santana”. Durante os sete anos que o autor trabalhou na investigação, sempre foi por telefone. Só no finalzinho, em 2006 foi que conheceu Júlio Santana em pessoa. Foi até Porto Franco. Morou três dias com Júlio Santana, segundo ele, “um homem calmo, bem-humorado, caseiro, carinhoso com a mulher e com os filhos e muito religioso. Um homem aparentemente comum. Perfil bem diferente dos assassinos que povoam a literatura e o cinema”. O trabalho de Kléster Cavalcanti mostra que para matar o cara não precisa ter as feições de um conde drácula ou olhos esbugalhados. Ele pode morar na tua casa e até mesmo demonstrar alguma afeição por você. O instinto de morte não é necessariamente agressivo. Matar pode não ser um prazer, pois, no caso de Júlio Santana, é uma profissão. Pode ter lá princípios como aquele que o tio Cícero ensinava: “Se você não matar, o infeliz vai morrer na mão de outro e tu deixa de faturar um dinheiro”. Terá também algum código de ética: “Jamais identifique o mandante, além de não receber, pode pagar caro por isso...” É um livro gostoso de ler. Surpreendente. Altamente revelador da natureza humana. O seu lado mais frio. Impressionantemente realista.
Klester Cavalcanti. O Nome da Morte. Rio: Planeta Brasil, 2007.
Palavras-chave: impunidade, investigação jornalística, banalização da vida humana
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ROBERTO CARLOS, EM DETALHES
RESENHA
Ernani Xavier
O REI ESTÁ NÚ
Polêmica biografia do cantor Roberto Carlos Braga, censurada, pode ser baixada na internet.
Transcrevo aqui retalhos do artigo super abalizado do Jornalista Marcelo Xavier, especialista em música e história da música, escritor, ensaísta.
“Falando no Em Detalhes, trata-se um trabalho exuberante e primoroso em formato de grande reportagem sobre a vida e o ambiente em que Roberto surgiu para o estrelato, muito bem compilado e documentado com textos e entrevistas. Muitas das fontes que falam na obra são fatos conhecidos, ou seja, a despeito das valiosas informações desconhecidas do grande público; um desses fatos interessantes é a forma como ele foi dispensado da “turma da Bossa Nova” (“você quer imitar o João Gilberto e nós já temos o João Gilberto”). Araújo defende Roberto no livro diversas vezes, primeiro por entender que o cantor era real herdeiro da tradição representada por João, que amalgamava o gosto pelo antigo (Ari Barroso, Dorival Caymmi) e o novo (Tom Jobim, Vinícius de Morais) enquanto a “turma da Bossa Nova” renegava a Velha Guarda. Para ele, enquanto Carlos Lyra repudiava Francisco Alves e Orlando Silva, o cantor baiano os colocava como elementos representativos em seu trabalho. Roberto Carlos era, para ele, o vetor desde João Gilberto até o Tropicalismo, porque não repudiou a canção popular. O escritor ainda revela que o violonista viu Roberto cantar “Brigas Nunca Mais” na famosa Boite Plaza, um dos berços da Bossa Nova. Outra é que Roberto Carlos, ao contrário do que se fazia em matéria de rock no Brasil – cantores consagrados fazendo versões de gosto duvidoso para sucessões dos anos 50, como Bill Haley ou Paul Anka -, muito antes da Jovem Guarda teve a idéia de criar um estilo musical novo com música jovem, como eles sentiam, e não como as gravadoras achavam que devia ser. Nesse sentido, Paulo César diz que Roberto criou a Jovem Guarda antes da invasão britânica. A implicância com o disco, segundo o historiador, decorre que Roberto acha que desafinou em uma faixa do disco, “Não é Por Mim”. Para piorar, Côrte Real usou na capa uma foto de um disco do organista Ken Giffin. Mais: o texto de apresentação da contracapa dizia que Roberto era carioca e que “ Linda” era versão de Imperial para um tema de Bill Ceasar. A verdade é que nem Roberto Carlos era carioca, nem Bill Ceasar existia. Para a Columbia, seria mais atraente colocá-lo como alguém da Capital e que o disco trouxesse pretensas versões brasileiras para rock americano, o que era a voga da época. Essa sucessão de equívocos provocou o seu repúdio ao disco. Outro que merece destaque no livro é Evandro Ribeiro, primeiro produtor da segunda fase de Roberto. Evandro teria dado um valioso depoimento ao autor, que conta a vida da eminência perda dos discos do cantor justamente na melhor fase da sua carreira, como uma espécie de versão brasileira do Coronel Tom Parker. Roberto Carlos iria mudar para o rock; o problema é que a CBS já tinha o seu artista principal – Sergio Murilo, e a política da gravadora era de evitar concorrência direta (de acordo com Araújo, eles recusaram Altemar Dutra porque tinha Carlos José, por exemplo). A reviravolta ocorreu quando Roberto conseguiu impor tanto repertório quando músicos, contrariando toda a CBS, e fez algo impensado até então: mandou uma orquestra da gravadora passear e colocou a turma que tocava rock na Piedade, e que atendia pelo nome de Renato e Seus Blue Caps. A música seria “Splish Splash”, e o resultado final foi tão surpreendente que Evandro resolveu contratar os rapazes na hora. E o resto é a história...proibida”
Jornalista Marcelo Xavier (marcelo@rabisco.com.br), publicado no BLOG RABISCO, http://www.rabisco.com.br/colunas/latim/latim69.htmem, edição de 11 a 26 de maio de 2007.
Paulo César Araújo, Roberto Carlos Em Detalhes. São Paulo:Planeta, 2007 625 páginas.
Ernani Xavier
O REI ESTÁ NÚ
Polêmica biografia do cantor Roberto Carlos Braga, censurada, pode ser baixada na internet.
Transcrevo aqui retalhos do artigo super abalizado do Jornalista Marcelo Xavier, especialista em música e história da música, escritor, ensaísta.
“Falando no Em Detalhes, trata-se um trabalho exuberante e primoroso em formato de grande reportagem sobre a vida e o ambiente em que Roberto surgiu para o estrelato, muito bem compilado e documentado com textos e entrevistas. Muitas das fontes que falam na obra são fatos conhecidos, ou seja, a despeito das valiosas informações desconhecidas do grande público; um desses fatos interessantes é a forma como ele foi dispensado da “turma da Bossa Nova” (“você quer imitar o João Gilberto e nós já temos o João Gilberto”). Araújo defende Roberto no livro diversas vezes, primeiro por entender que o cantor era real herdeiro da tradição representada por João, que amalgamava o gosto pelo antigo (Ari Barroso, Dorival Caymmi) e o novo (Tom Jobim, Vinícius de Morais) enquanto a “turma da Bossa Nova” renegava a Velha Guarda. Para ele, enquanto Carlos Lyra repudiava Francisco Alves e Orlando Silva, o cantor baiano os colocava como elementos representativos em seu trabalho. Roberto Carlos era, para ele, o vetor desde João Gilberto até o Tropicalismo, porque não repudiou a canção popular. O escritor ainda revela que o violonista viu Roberto cantar “Brigas Nunca Mais” na famosa Boite Plaza, um dos berços da Bossa Nova. Outra é que Roberto Carlos, ao contrário do que se fazia em matéria de rock no Brasil – cantores consagrados fazendo versões de gosto duvidoso para sucessões dos anos 50, como Bill Haley ou Paul Anka -, muito antes da Jovem Guarda teve a idéia de criar um estilo musical novo com música jovem, como eles sentiam, e não como as gravadoras achavam que devia ser. Nesse sentido, Paulo César diz que Roberto criou a Jovem Guarda antes da invasão britânica. A implicância com o disco, segundo o historiador, decorre que Roberto acha que desafinou em uma faixa do disco, “Não é Por Mim”. Para piorar, Côrte Real usou na capa uma foto de um disco do organista Ken Giffin. Mais: o texto de apresentação da contracapa dizia que Roberto era carioca e que “ Linda” era versão de Imperial para um tema de Bill Ceasar. A verdade é que nem Roberto Carlos era carioca, nem Bill Ceasar existia. Para a Columbia, seria mais atraente colocá-lo como alguém da Capital e que o disco trouxesse pretensas versões brasileiras para rock americano, o que era a voga da época. Essa sucessão de equívocos provocou o seu repúdio ao disco. Outro que merece destaque no livro é Evandro Ribeiro, primeiro produtor da segunda fase de Roberto. Evandro teria dado um valioso depoimento ao autor, que conta a vida da eminência perda dos discos do cantor justamente na melhor fase da sua carreira, como uma espécie de versão brasileira do Coronel Tom Parker. Roberto Carlos iria mudar para o rock; o problema é que a CBS já tinha o seu artista principal – Sergio Murilo, e a política da gravadora era de evitar concorrência direta (de acordo com Araújo, eles recusaram Altemar Dutra porque tinha Carlos José, por exemplo). A reviravolta ocorreu quando Roberto conseguiu impor tanto repertório quando músicos, contrariando toda a CBS, e fez algo impensado até então: mandou uma orquestra da gravadora passear e colocou a turma que tocava rock na Piedade, e que atendia pelo nome de Renato e Seus Blue Caps. A música seria “Splish Splash”, e o resultado final foi tão surpreendente que Evandro resolveu contratar os rapazes na hora. E o resto é a história...proibida”
Jornalista Marcelo Xavier (marcelo@rabisco.com.br), publicado no BLOG RABISCO, http://www.rabisco.com.br/colunas/latim/latim69.htmem, edição de 11 a 26 de maio de 2007.
Paulo César Araújo, Roberto Carlos Em Detalhes. São Paulo:Planeta, 2007 625 páginas.
O AMOR NÃO TEM BONS SENTIMENTOS
RESENHA
Ernani Xavier
AMOR, CARENTE AMOR...
O romance psicológico, policial, “O amor não tem sentimentos”, é um livro de Raimundo Carrero, escritor brasileiro que já foi premiado (Jabuti de 2000). Na trama um músico enlouquecido decide, no seu máximo delírio, matar a mãe e a irmão, com quem mantinha relações incestuosas. Mistura bem dosada de sexo com religiosidade. Segundo o autor, no Nordeste, onde tudo ocorre, a questão da violência está sempre associada à religião. De acordo com ele mesmo, Matheus (seu protagonista) “vem do caçador, do evangelista Matheus, embora perca o 'h' quando começa a desatinar. Até o nome dele muda, porque o nome é uma coisa fundamental num personagem. Um nome errado estraga o personagem. O próprio título do livro é relevante no contexto. Neste caso, “nasce justamente do desamor na casa, porque nós vivemos na casa, temos a casa como um padrão de vida. Veja bem: Biba, Matheus, Dolores e Ernesto se odeiam e se amam no lugar onde deveria existir apenas amor”. O autor (para quem “todo amor é egoísta e isso nunca pode ser bom”) justifica a combinação da loucura com religiosidade dizendo que, “aquelas pessoas que conheci na minha infância eram, ao mesmo tempo, loucas e religiosas...Por ter vivido no sertão arcaico, “conheci muita gente de batina e ajudei a celebrar muita missa. Em latim. Esse arcaísmo leva à loucura permanente de Matheus, um camarada que procura negar ou afirmar o que fez, mas apenas para se salvar. A loucura dele está num projeto de salvação, no sentido de encontrar uma solução para esses problemas extraordinários que ele vive, entre os quais o de ter matado a mãe e a irmã...” O autor fala magistralmente a língua dosdesvairados. Por esta razão, o seu trabalho foi apelidado de romance sobre a loucura. Para construir o romance, Carrero foi a busca de dois grandes arquétipos literários, Dom Quixote de Cervantes e o Raskolnikov de Dostoiévski. Sua obra parte de um lance não edipiano: garoto é abandonado pelos pais ao nascer, é criado pela tia e passa o resto da vida procurando remendar as partes de uma família que nunca fora sua, num modo que já não é mais possível... “Ao contrário da psicanálise – onde o paciente se volta ao passado e (em teoria) retorna fortalecido – em Carrero, o retorno só estreita os laços com o trágico, explorando o mundo dos insanos”. Complicado? Ele mesmo explica: “Eu sou muito impressionado com a loucura, que é um tema recorrente na minha obra, porque não vejo lucidez em lugar algum. A minha ‘família literária’ me angustia muito". E, apesar da imagem trágica do primeiro capítulo, o escritor quis fazer desse o seu livro mais leve. Mas de uma leveza obtusa, nutrida pela humanidade com que impregnou todos os traços de Matheus, para assim aliviar a barra-pesada da sua trajetória pessoal. “O doido era eu mesmo, necessitava manter o controle quando a loucura chegava...” O trabalho de Carrero proclama a hipocrisia das relações sociais no microuniverso familiar, muitas vezes, por alguma falta de amor, ou um modo perverso dele se manifestar. Revela na realidade o grande contraditório do amor, a sua distorção e a sua própria ausência. A essência da loucura está no desamor verdadeiro. Mais uma vez, Raimundo Carrero choca, diverte, provoca reflexões. Desestrutura, mexe.
Raimundo Carrero. O Amor Não Tem Bons Sentimentos. São Paulo: Iluminuras, 2007. 192 Páginas.
pALAVRAS-CHAVE: familiar, crime, relacionamento amoroso
http://planetalivros.blogspot.com/
http://www.Shvoong.com/writers/ernani_xavier
Ernani Xavier
AMOR, CARENTE AMOR...
O romance psicológico, policial, “O amor não tem sentimentos”, é um livro de Raimundo Carrero, escritor brasileiro que já foi premiado (Jabuti de 2000). Na trama um músico enlouquecido decide, no seu máximo delírio, matar a mãe e a irmão, com quem mantinha relações incestuosas. Mistura bem dosada de sexo com religiosidade. Segundo o autor, no Nordeste, onde tudo ocorre, a questão da violência está sempre associada à religião. De acordo com ele mesmo, Matheus (seu protagonista) “vem do caçador, do evangelista Matheus, embora perca o 'h' quando começa a desatinar. Até o nome dele muda, porque o nome é uma coisa fundamental num personagem. Um nome errado estraga o personagem. O próprio título do livro é relevante no contexto. Neste caso, “nasce justamente do desamor na casa, porque nós vivemos na casa, temos a casa como um padrão de vida. Veja bem: Biba, Matheus, Dolores e Ernesto se odeiam e se amam no lugar onde deveria existir apenas amor”. O autor (para quem “todo amor é egoísta e isso nunca pode ser bom”) justifica a combinação da loucura com religiosidade dizendo que, “aquelas pessoas que conheci na minha infância eram, ao mesmo tempo, loucas e religiosas...Por ter vivido no sertão arcaico, “conheci muita gente de batina e ajudei a celebrar muita missa. Em latim. Esse arcaísmo leva à loucura permanente de Matheus, um camarada que procura negar ou afirmar o que fez, mas apenas para se salvar. A loucura dele está num projeto de salvação, no sentido de encontrar uma solução para esses problemas extraordinários que ele vive, entre os quais o de ter matado a mãe e a irmã...” O autor fala magistralmente a língua dosdesvairados. Por esta razão, o seu trabalho foi apelidado de romance sobre a loucura. Para construir o romance, Carrero foi a busca de dois grandes arquétipos literários, Dom Quixote de Cervantes e o Raskolnikov de Dostoiévski. Sua obra parte de um lance não edipiano: garoto é abandonado pelos pais ao nascer, é criado pela tia e passa o resto da vida procurando remendar as partes de uma família que nunca fora sua, num modo que já não é mais possível... “Ao contrário da psicanálise – onde o paciente se volta ao passado e (em teoria) retorna fortalecido – em Carrero, o retorno só estreita os laços com o trágico, explorando o mundo dos insanos”. Complicado? Ele mesmo explica: “Eu sou muito impressionado com a loucura, que é um tema recorrente na minha obra, porque não vejo lucidez em lugar algum. A minha ‘família literária’ me angustia muito". E, apesar da imagem trágica do primeiro capítulo, o escritor quis fazer desse o seu livro mais leve. Mas de uma leveza obtusa, nutrida pela humanidade com que impregnou todos os traços de Matheus, para assim aliviar a barra-pesada da sua trajetória pessoal. “O doido era eu mesmo, necessitava manter o controle quando a loucura chegava...” O trabalho de Carrero proclama a hipocrisia das relações sociais no microuniverso familiar, muitas vezes, por alguma falta de amor, ou um modo perverso dele se manifestar. Revela na realidade o grande contraditório do amor, a sua distorção e a sua própria ausência. A essência da loucura está no desamor verdadeiro. Mais uma vez, Raimundo Carrero choca, diverte, provoca reflexões. Desestrutura, mexe.
Raimundo Carrero. O Amor Não Tem Bons Sentimentos. São Paulo: Iluminuras, 2007. 192 Páginas.
pALAVRAS-CHAVE: familiar, crime, relacionamento amoroso
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CARTA ABERTA PARA MINHA MÃE
RESENHA
Ernani Xavier
MÃES DO MEU BRASIL!!!
O autor, Gabriel Chalita, já tinha feito um livro sobre o seu pai, intitulado, “Memórias de um homem bom”, como presente de aniversário dos 80 anos.Hoje, segundo Chalita, seu pai já foi para o céu. A mãe, por brincadeira lhe cobrou um presente semelhante, para o Dia das mães. Ele então lhe fez a homenagem. Segundo ele, uma edição pequena, limitada, sem luxo, que conta um pouco da história dela. “A sua vinda dela da Síria para o Brasil, o sofrimento, a perda da terra, a perda dos filhos, mas o amor dessa mulher, profundamente apaixonada e apaixonante não se perdeu...” O autor já aproveitou e, de acordo com ele, “com este livro faço uma homenagem a todas as mães. Não é uma biografia da minha mãe, pois somente um trechinho fala dela, mas é um livro que qualquer filho pode dedicar para sua mãe, como se ele escrevesse uma carta pedindo-lhe perdão pelas vezes em que esteve ausente, pelas vezes que não viveu os ensinamentos bonitos que recebeu dela – dizendo-lhe o quanto a ama, o quanto lhe é grato, o quanto vive a intensidade dessa relação”. A homenagem que ele faz para as mães é muito bonita. Já o livro em si é obra de uma mente aberta e criativa, sem dúvida. Mais ainda, escrever a mão é um legítimo tributo àquela pessoa mais fundamental na vida de qualquer ser humano, a sua mãe. Mais do que isso trata de um assunto mais relevante que existe, o amor, mais objetivamente, o amor das mães. Presente ao lançamento, um padre salesiano, de nome Rosalvino, tratou o texto de Chalita como uma mensagem especial á juventude de todo o País e mesmo, do mundo inteiro. De fato o texto de Chalita dá um novo olhar no desempenho social e no papel relevante de todas as mães. O comportamento violento não deixa de ter lá as suas origens na ausência afetiva da figura materna na formação da personalidade. Garcia Lorca, no texto “Lembrança das minhas putas tristes” presta uma homenagem para todas as mães quando o seu personagem principal declara que todo os seus conceitos de mulher e de amor foram construídos á imagem e semelhança da sua relação com a “pessoa mais maravilhosa do mundo”, a sua mãe. É a mãe que tem o poder de moldar as pessoas, não necessariamente pela herança que deixa biologicamente nos filhos, mas pela herança transmitida pelo seu coração. As pessoas vêem o mundo através dos olhos de suas mães, pelo resto das suas vidas, a partir dos tenros momentos da amamentação. Daqui é que provém aquilo que segura todas as barras da existência humana. Daí é que provem o que mantém o ser humano de pé, que o equilibra: segurança e auto-estima. A presença da mãe na personalidade dos filhos é que gera perspectivas sobre afetos, sexualidade, emocionalidade, valores e atitudes das pessoas com relação á si mesmas, ao mundo de cada um, ás outras pessoas e ao seu futuro. O tema tratado por Gabriel Chalita é, sobretudo, transbordante de coisas lindas, de amor. Não o amor imaginado, criado de dentro para fora para atender carências. Mas o amor autenticamente puro, criador daquilo que a humanidade mais precisa, a solidariedade e a compaixão. A mãe de todos nós entra e toma conta da alma humana. Mãe é integridade de sentimento, concritude de Deus no âmago dos ser humano. Esta destinatária da carta de Gabriel Chalita deveria receber muitas cartas dos filhos, todos os dias, em forma de carícia e reciprocidade. Livro criativo, texto essencial, homenagem mais do que merecida.
GABRIEL CHALITA. Carta aberta para minha mãe. São Paulo:Canção Nova, 2007.
http://planetalivros.blogspot.com/
pALAVRAS-CHAVE: amor autêntico, papel materno, personalidade
Ernani Xavier
MÃES DO MEU BRASIL!!!
O autor, Gabriel Chalita, já tinha feito um livro sobre o seu pai, intitulado, “Memórias de um homem bom”, como presente de aniversário dos 80 anos.Hoje, segundo Chalita, seu pai já foi para o céu. A mãe, por brincadeira lhe cobrou um presente semelhante, para o Dia das mães. Ele então lhe fez a homenagem. Segundo ele, uma edição pequena, limitada, sem luxo, que conta um pouco da história dela. “A sua vinda dela da Síria para o Brasil, o sofrimento, a perda da terra, a perda dos filhos, mas o amor dessa mulher, profundamente apaixonada e apaixonante não se perdeu...” O autor já aproveitou e, de acordo com ele, “com este livro faço uma homenagem a todas as mães. Não é uma biografia da minha mãe, pois somente um trechinho fala dela, mas é um livro que qualquer filho pode dedicar para sua mãe, como se ele escrevesse uma carta pedindo-lhe perdão pelas vezes em que esteve ausente, pelas vezes que não viveu os ensinamentos bonitos que recebeu dela – dizendo-lhe o quanto a ama, o quanto lhe é grato, o quanto vive a intensidade dessa relação”. A homenagem que ele faz para as mães é muito bonita. Já o livro em si é obra de uma mente aberta e criativa, sem dúvida. Mais ainda, escrever a mão é um legítimo tributo àquela pessoa mais fundamental na vida de qualquer ser humano, a sua mãe. Mais do que isso trata de um assunto mais relevante que existe, o amor, mais objetivamente, o amor das mães. Presente ao lançamento, um padre salesiano, de nome Rosalvino, tratou o texto de Chalita como uma mensagem especial á juventude de todo o País e mesmo, do mundo inteiro. De fato o texto de Chalita dá um novo olhar no desempenho social e no papel relevante de todas as mães. O comportamento violento não deixa de ter lá as suas origens na ausência afetiva da figura materna na formação da personalidade. Garcia Lorca, no texto “Lembrança das minhas putas tristes” presta uma homenagem para todas as mães quando o seu personagem principal declara que todo os seus conceitos de mulher e de amor foram construídos á imagem e semelhança da sua relação com a “pessoa mais maravilhosa do mundo”, a sua mãe. É a mãe que tem o poder de moldar as pessoas, não necessariamente pela herança que deixa biologicamente nos filhos, mas pela herança transmitida pelo seu coração. As pessoas vêem o mundo através dos olhos de suas mães, pelo resto das suas vidas, a partir dos tenros momentos da amamentação. Daqui é que provém aquilo que segura todas as barras da existência humana. Daí é que provem o que mantém o ser humano de pé, que o equilibra: segurança e auto-estima. A presença da mãe na personalidade dos filhos é que gera perspectivas sobre afetos, sexualidade, emocionalidade, valores e atitudes das pessoas com relação á si mesmas, ao mundo de cada um, ás outras pessoas e ao seu futuro. O tema tratado por Gabriel Chalita é, sobretudo, transbordante de coisas lindas, de amor. Não o amor imaginado, criado de dentro para fora para atender carências. Mas o amor autenticamente puro, criador daquilo que a humanidade mais precisa, a solidariedade e a compaixão. A mãe de todos nós entra e toma conta da alma humana. Mãe é integridade de sentimento, concritude de Deus no âmago dos ser humano. Esta destinatária da carta de Gabriel Chalita deveria receber muitas cartas dos filhos, todos os dias, em forma de carícia e reciprocidade. Livro criativo, texto essencial, homenagem mais do que merecida.
GABRIEL CHALITA. Carta aberta para minha mãe. São Paulo:Canção Nova, 2007.
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pALAVRAS-CHAVE: amor autêntico, papel materno, personalidade
A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ
RESENHA
Ernani Xavier
LAÇOS DE FAMÍLIA
No romance, “A falta que você me faz”, a escritora americana, Joyce Carol Oates retoma o assunto dos conflitos e dramas vividos por famílias de alto padrão social, de fundo psicológico. Bem no início do livro, a narradora e protagonista diz: "Esta é a minha história. Ela trata da falta que sinto da minha mãe. Um dia ela poderá também ser a sua história, certamente contada da sua própria maneira...” A trama gira ao redor de uma mulher solteira, passando um pouco dos trinta anos de idade, mas que, se comporta como uma adolescente excêntrica e meio rebelde. Ela mesma narra a sua história no romance. A mãe do enredo é a Senhora Gwen, viúva, cinqüentona, levando uma vida super estabilizada, curtindo as suas duas filhas, a Nikki e a Clare. Esta última, bem casada, com dois filhinhos. Nikki é repórter de uma rádio do interior, tem um relacionamento complicado com um cara casado. Enfrenta uma batalha ferrenha entre auto-estima e calorias... Nada mais do que um, dentre os seus múltiplos dilemas. A mãe é uma mulher realista, adora receber as filhas para eventos sociais. Ela é muito agradável, jovial, e desempenha o papel de núcleo do pequeno grupo familiar. Critica a filha pelos exageros na maneira de vestir, hábitos sociais, pintura de cabelo. "Oh, Nikki! O que você fez com o seu cabelo!!! Foi a primeira coisa que a mamãe me disse ao me ver.... Nem bem eu tinha entrado na porta da cozinha...Lembro-me ainda, a sua voz parecia o grito de um pássaro recém baleado em pleno vôo...” Mas, não obstante os desacordos entre ambas, a vida flui dentro dos padrões normais da classe média alta americana. Em “A falta que você me faz” o brutal assassinato da mãe é apenas o ponto de partida para a autora discutir o relacionamento entre ela e suas duas filhas de temperamentos opostos, e o próprio papel dessas personagens na família. Nikki, mergulha no seu mundo subjetivo de forma profunda. Ela “nunca tinha se visto como filha até se tornar órfã e passar por um processo de intensa transformação, lapidado pelo sofrimento da perda...” O foco da autora se move dentro da realidade da classe mais abastada, que, não obstante bem favorecida por aspectos materiais, se debate diante de desafios da afeição e das complexas inter-relações familiares. Depois da morte da senhora Gwen, a novela inclui observações de natureza emocional maravilhosas. A mãe do enredo possui um caráter muito especial, sendo super amável, enfatizando com isso o contraste que fica a sua súbita ausência. Depois da morte da mãe, Nikki acaba por tomar consciência dos seus reais sentimentos para com a mãe, para com a família toda, sobre o significado de ser uma filha. Começa a entender a si mesma e definir a sua relação com o mundo e com a vida. Inicia uma período de tristezas, sendo que reminiscência lhe consomem a alma de forma muito atroz. A autora é, ao mesmo tempo, erótica e uma cientista social. Uma alucinatória precisão sobre as relações do homem com a vida.
Joyce Carol Oates. A falta que você me faz. Rio: Nova Fronteira, 2006 - 432 páginas.
pALAVRAS-CHAVE: laços familiares, convivência com perdas, adolescência
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Ernani Xavier
LAÇOS DE FAMÍLIA
No romance, “A falta que você me faz”, a escritora americana, Joyce Carol Oates retoma o assunto dos conflitos e dramas vividos por famílias de alto padrão social, de fundo psicológico. Bem no início do livro, a narradora e protagonista diz: "Esta é a minha história. Ela trata da falta que sinto da minha mãe. Um dia ela poderá também ser a sua história, certamente contada da sua própria maneira...” A trama gira ao redor de uma mulher solteira, passando um pouco dos trinta anos de idade, mas que, se comporta como uma adolescente excêntrica e meio rebelde. Ela mesma narra a sua história no romance. A mãe do enredo é a Senhora Gwen, viúva, cinqüentona, levando uma vida super estabilizada, curtindo as suas duas filhas, a Nikki e a Clare. Esta última, bem casada, com dois filhinhos. Nikki é repórter de uma rádio do interior, tem um relacionamento complicado com um cara casado. Enfrenta uma batalha ferrenha entre auto-estima e calorias... Nada mais do que um, dentre os seus múltiplos dilemas. A mãe é uma mulher realista, adora receber as filhas para eventos sociais. Ela é muito agradável, jovial, e desempenha o papel de núcleo do pequeno grupo familiar. Critica a filha pelos exageros na maneira de vestir, hábitos sociais, pintura de cabelo. "Oh, Nikki! O que você fez com o seu cabelo!!! Foi a primeira coisa que a mamãe me disse ao me ver.... Nem bem eu tinha entrado na porta da cozinha...Lembro-me ainda, a sua voz parecia o grito de um pássaro recém baleado em pleno vôo...” Mas, não obstante os desacordos entre ambas, a vida flui dentro dos padrões normais da classe média alta americana. Em “A falta que você me faz” o brutal assassinato da mãe é apenas o ponto de partida para a autora discutir o relacionamento entre ela e suas duas filhas de temperamentos opostos, e o próprio papel dessas personagens na família. Nikki, mergulha no seu mundo subjetivo de forma profunda. Ela “nunca tinha se visto como filha até se tornar órfã e passar por um processo de intensa transformação, lapidado pelo sofrimento da perda...” O foco da autora se move dentro da realidade da classe mais abastada, que, não obstante bem favorecida por aspectos materiais, se debate diante de desafios da afeição e das complexas inter-relações familiares. Depois da morte da senhora Gwen, a novela inclui observações de natureza emocional maravilhosas. A mãe do enredo possui um caráter muito especial, sendo super amável, enfatizando com isso o contraste que fica a sua súbita ausência. Depois da morte da mãe, Nikki acaba por tomar consciência dos seus reais sentimentos para com a mãe, para com a família toda, sobre o significado de ser uma filha. Começa a entender a si mesma e definir a sua relação com o mundo e com a vida. Inicia uma período de tristezas, sendo que reminiscência lhe consomem a alma de forma muito atroz. A autora é, ao mesmo tempo, erótica e uma cientista social. Uma alucinatória precisão sobre as relações do homem com a vida.
Joyce Carol Oates. A falta que você me faz. Rio: Nova Fronteira, 2006 - 432 páginas.
pALAVRAS-CHAVE: laços familiares, convivência com perdas, adolescência
http://planetalivros.blogspot.com/
O LIVRO DOS ABRAÇOS
RESENHA
Ernani Xavier
SIN PERDER LA CANDURA, JAMAS!
O texto “O livro dos abraços” causou surpresa nos assíduos leitores de Eduardo Galeano. O jornalista crítico severo dos abusos dos poderes arbitrários que subjugam os hermanos da tripudiada América Latina, também tem a sensibilidade de um poeta. No seu livro o autor constrói um mundo imaginário a partir das suas afeições por pessoas com quem partilhou a vida e por lugares que o hospedaram nesta viagem. Este é o sentido do abraço. Abraça o mundo, abraça a vida, abraça a cada um de nós. Um enorme abraço feito de fragmentos belos e duros já que emocionam, apaixonam, mas também enraivecem, por isso que a editora alerta: “Abra este livro com cuidado: ele é delicado e afiado como a própria vida. Pode afagar, pode cortar. Mas seja como for, como a própria vida, vale a pena”. O autor mostra que a história pode ser contada a partir de pequenos episódios onde não necessariamente deva haver repentes de heroísmos, mas tenham, sim, de refletir a paixão dos homens pela vida e pelos outros homens. Um forte e demorado abraço aos pedacinhos que são pedacinhos da grandiosidade da alma do seu autor: “Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta”. “As coisas caem dos meus bolsos e da minha memória: perco chaves, canetas, dinheiro, documentos, nomes, caras, palavras... Eu ando de perda em perda, perco o que encontro, não encontro o que busco, e sinto medo de que numa dessas distrações acabe deixando a vida cair”. “Dormirás tranqüilo, aninhado no conforto da falta que eu te faço. Morrendo devagar, partícula a partícula... Os teus órgãos arrefecem - há quanto tempo não te arde o coração?” “Minhas certezas se alimentam de dúvidas. E há dias em que me sinto estrangeiro em Montevidéu como seria em qualquer lugar do mundo. E, nestes dias, dias sem sol, noites sem lua, nenhum lugar é meu lugar, e não consigo me reconhecer em nada nem em ninguém. As palavras não se parecem ao que se referem e nem sequer se parecem aos seus próprios sons. Então não estou onde estou. Deixo o meu corpo e me vou longe, a nenhum lugar. E não quero estar com ninguém, sequer comigo e não tenho, nem quero ter, nenhum nome. Então perco a vontade de chamar-me ou de ser chamado.” Estes são alguns sentimentos de um homem sensível e duro. Duro a ponto de se perguntar: “Até quando os horrores continuarão a ser chamados de erros?” Até quando continuaremos a aceitar, como se fosse costume, a matança de iraquianos, em uma guerra cega que esqueceu seus pretextos? Até quando continuará sendo normal que os vivos e os mortos sejam de primeira, segunda, terceira ou quarta categoria? Somos a única espécie animal especializada no extermínio mútuo. Destinamos US$ 2,5 bilhões, a cada dia, para os gastos militares. A miséria e a guerra são filhas do mesmo pai: como alguns deuses cruéis, come os vivos e os mortos. Até quanto continuaremos a aceitar que este mundo enamorado da morte é nosso único mundo possível? Pois é! Carecemos de um grande e fraterno abraço. Um afago que se sobreponha á estupidez. Um abraço que congregue homens de todos os cantos do mundo, antes que não haja nenhum canto para se abraçar. Galeano é escritor e apóstolo. No silêncio da sua mesa ele acalenta um sonho e multiplica-se em emitir sons para surdos. Mas, o faz incansavelmente.
EDUARDO GALEANO. O LIVRO DOS ABRAÇOS. Porto Alegre: LPM, 271 PÁGINAS, 2005.
http://planetalivros.blogspot.com/
PALAVRAS-CHAVE: contestação política, engajamento, humanismo
Ernani Xavier
SIN PERDER LA CANDURA, JAMAS!
O texto “O livro dos abraços” causou surpresa nos assíduos leitores de Eduardo Galeano. O jornalista crítico severo dos abusos dos poderes arbitrários que subjugam os hermanos da tripudiada América Latina, também tem a sensibilidade de um poeta. No seu livro o autor constrói um mundo imaginário a partir das suas afeições por pessoas com quem partilhou a vida e por lugares que o hospedaram nesta viagem. Este é o sentido do abraço. Abraça o mundo, abraça a vida, abraça a cada um de nós. Um enorme abraço feito de fragmentos belos e duros já que emocionam, apaixonam, mas também enraivecem, por isso que a editora alerta: “Abra este livro com cuidado: ele é delicado e afiado como a própria vida. Pode afagar, pode cortar. Mas seja como for, como a própria vida, vale a pena”. O autor mostra que a história pode ser contada a partir de pequenos episódios onde não necessariamente deva haver repentes de heroísmos, mas tenham, sim, de refletir a paixão dos homens pela vida e pelos outros homens. Um forte e demorado abraço aos pedacinhos que são pedacinhos da grandiosidade da alma do seu autor: “Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta”. “As coisas caem dos meus bolsos e da minha memória: perco chaves, canetas, dinheiro, documentos, nomes, caras, palavras... Eu ando de perda em perda, perco o que encontro, não encontro o que busco, e sinto medo de que numa dessas distrações acabe deixando a vida cair”. “Dormirás tranqüilo, aninhado no conforto da falta que eu te faço. Morrendo devagar, partícula a partícula... Os teus órgãos arrefecem - há quanto tempo não te arde o coração?” “Minhas certezas se alimentam de dúvidas. E há dias em que me sinto estrangeiro em Montevidéu como seria em qualquer lugar do mundo. E, nestes dias, dias sem sol, noites sem lua, nenhum lugar é meu lugar, e não consigo me reconhecer em nada nem em ninguém. As palavras não se parecem ao que se referem e nem sequer se parecem aos seus próprios sons. Então não estou onde estou. Deixo o meu corpo e me vou longe, a nenhum lugar. E não quero estar com ninguém, sequer comigo e não tenho, nem quero ter, nenhum nome. Então perco a vontade de chamar-me ou de ser chamado.” Estes são alguns sentimentos de um homem sensível e duro. Duro a ponto de se perguntar: “Até quando os horrores continuarão a ser chamados de erros?” Até quando continuaremos a aceitar, como se fosse costume, a matança de iraquianos, em uma guerra cega que esqueceu seus pretextos? Até quando continuará sendo normal que os vivos e os mortos sejam de primeira, segunda, terceira ou quarta categoria? Somos a única espécie animal especializada no extermínio mútuo. Destinamos US$ 2,5 bilhões, a cada dia, para os gastos militares. A miséria e a guerra são filhas do mesmo pai: como alguns deuses cruéis, come os vivos e os mortos. Até quanto continuaremos a aceitar que este mundo enamorado da morte é nosso único mundo possível? Pois é! Carecemos de um grande e fraterno abraço. Um afago que se sobreponha á estupidez. Um abraço que congregue homens de todos os cantos do mundo, antes que não haja nenhum canto para se abraçar. Galeano é escritor e apóstolo. No silêncio da sua mesa ele acalenta um sonho e multiplica-se em emitir sons para surdos. Mas, o faz incansavelmente.
EDUARDO GALEANO. O LIVRO DOS ABRAÇOS. Porto Alegre: LPM, 271 PÁGINAS, 2005.
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PALAVRAS-CHAVE: contestação política, engajamento, humanismo
AS VIÚVAS DE QUINTAS FEIRAS
RESENHA
Ernani Xavier
O MUNDO DAS APARÊNCIAS
O livro, “As viúvas da quinta feira” da destacada escritora portenha trata do submundo de grandes metrópoles, encoberto por “meras aparências”. È uma novela policial que trata com inteligência e criatividade o microcosmo familiar dentro de uma comunidade que vive em um condomínio fechado em um subúrbio de Buenos Aires, aludindo com sutileza os dilemas do entorno social. Retrata de forma irônica uma classe social de “novos ricos”, que, não obstante a crise econômica que atravessou a argentina dos anos 90, ascendeu socialmente e se torna obcecada pelos sinais de prosperidade. No condomínio as mães procuram manter tudo impecável como os jardins, as piscinas, embora os seus filhos estejam envoltos em delinqüências e transgressões. Os homens convivem em ambiente aparentemente maravilhoso de parcerias em esportes, diversões internas ao condomínio, embora desempregados e sem nenhuma perspectiva a não ser manter a aparência de gente bem-sucedida. Um grupo mais fechado, segundo a autora, “mais seleto” de cavalheiros juntam-se num ambiente secreto, deixando de lado a filharada, as empregadas domésticas e as esposas, donde vem o título “as viúvas das quintas-feiras”, para tratar de coisas que poucos têm acesso. Mas, o quotidiano naquele mundo aparentemente cheio de tranqüilidade é tumultuado por incidentes dramáticos; três mortos são encontrados boiando numa daquelas majestosas piscinas de mansões do condomínio. Daí começa a revelação do lado escuro do condomínio de luxo. Começa a sais para o lado de fora a podridão da pequena sociedade, ostentando traições, hipocrisias e crimes. A autora mostra ao leitor aspectos de safadezas e futilidades e imoralidade obscurecida pelas aparências, que, na realidade refletem uma realidade vivida no seu próprio país na última década do século que passou. Refletem uma crise social e econômica em que emergiram pobres de todos os lados. Pessoas famintas entravam nos zoológicos para obter carne para as suas refeições Uma legião de desempregados não conseguia nem buscar empregos por falta de dinheiro para o transporte. Mães levavam filhos para pedir esmola no centro de Buenos Aires e ali ficavam por dias e dias para não ter de pagar transporte de volta para casa. O contexto da autora Cláudia Piñero é marcado pelo surgimento de grandes escândalos políticos e sociais que marcaram época na Argentina do fim do século. O que não é muito diferente da realidade brasileira, um dos países mais desiguais e injustos do mundo. Lá, um dos fatores mais determinantes da decadência foi o período peronista, ora assumindo um caráter fascista, ora um caráter populista, a intervenção do Estado, com seu corolário de gastos excessivos, inflação e corrupção, destruiu uma economia antes próspera. Só agora a Argentina tem dado sinais de recuperação, mas ao que tudo indica será um processo lento. O texto de Cláudia Piñero é fácil de ler e o seu conteúdo é denso. Choca, diverte e ensina. Turva as águas das aparentes tranqüilidades dos “condomínios”, opção de vida das grandes cidades. Faz refletir sobre as vizinhanças e os seus mistérios. Revela um caráter apenas superficial das relações entre as pessoas e o risco que isto implica.
Claudia Piñero. As Viúvas Das Quintas Feiras Editora Objetiva, 2007, 256 Páginas
Palavras-chave:cotidiano, pensamentos, vida
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Ernani Xavier
O MUNDO DAS APARÊNCIAS
O livro, “As viúvas da quinta feira” da destacada escritora portenha trata do submundo de grandes metrópoles, encoberto por “meras aparências”. È uma novela policial que trata com inteligência e criatividade o microcosmo familiar dentro de uma comunidade que vive em um condomínio fechado em um subúrbio de Buenos Aires, aludindo com sutileza os dilemas do entorno social. Retrata de forma irônica uma classe social de “novos ricos”, que, não obstante a crise econômica que atravessou a argentina dos anos 90, ascendeu socialmente e se torna obcecada pelos sinais de prosperidade. No condomínio as mães procuram manter tudo impecável como os jardins, as piscinas, embora os seus filhos estejam envoltos em delinqüências e transgressões. Os homens convivem em ambiente aparentemente maravilhoso de parcerias em esportes, diversões internas ao condomínio, embora desempregados e sem nenhuma perspectiva a não ser manter a aparência de gente bem-sucedida. Um grupo mais fechado, segundo a autora, “mais seleto” de cavalheiros juntam-se num ambiente secreto, deixando de lado a filharada, as empregadas domésticas e as esposas, donde vem o título “as viúvas das quintas-feiras”, para tratar de coisas que poucos têm acesso. Mas, o quotidiano naquele mundo aparentemente cheio de tranqüilidade é tumultuado por incidentes dramáticos; três mortos são encontrados boiando numa daquelas majestosas piscinas de mansões do condomínio. Daí começa a revelação do lado escuro do condomínio de luxo. Começa a sais para o lado de fora a podridão da pequena sociedade, ostentando traições, hipocrisias e crimes. A autora mostra ao leitor aspectos de safadezas e futilidades e imoralidade obscurecida pelas aparências, que, na realidade refletem uma realidade vivida no seu próprio país na última década do século que passou. Refletem uma crise social e econômica em que emergiram pobres de todos os lados. Pessoas famintas entravam nos zoológicos para obter carne para as suas refeições Uma legião de desempregados não conseguia nem buscar empregos por falta de dinheiro para o transporte. Mães levavam filhos para pedir esmola no centro de Buenos Aires e ali ficavam por dias e dias para não ter de pagar transporte de volta para casa. O contexto da autora Cláudia Piñero é marcado pelo surgimento de grandes escândalos políticos e sociais que marcaram época na Argentina do fim do século. O que não é muito diferente da realidade brasileira, um dos países mais desiguais e injustos do mundo. Lá, um dos fatores mais determinantes da decadência foi o período peronista, ora assumindo um caráter fascista, ora um caráter populista, a intervenção do Estado, com seu corolário de gastos excessivos, inflação e corrupção, destruiu uma economia antes próspera. Só agora a Argentina tem dado sinais de recuperação, mas ao que tudo indica será um processo lento. O texto de Cláudia Piñero é fácil de ler e o seu conteúdo é denso. Choca, diverte e ensina. Turva as águas das aparentes tranqüilidades dos “condomínios”, opção de vida das grandes cidades. Faz refletir sobre as vizinhanças e os seus mistérios. Revela um caráter apenas superficial das relações entre as pessoas e o risco que isto implica.
Claudia Piñero. As Viúvas Das Quintas Feiras Editora Objetiva, 2007, 256 Páginas
Palavras-chave:cotidiano, pensamentos, vida
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PAULA
RESENHA
Ernani Xavier
O VIGOR DA VIDAIsabel Allende relata o drama de sua filha Paula, que dá título ao livro, na esperança de que ela venha a ler o que escreveu, tão logo se recobre do estado de coma em que se encontra. Expressa o seu sofrimento maternal juntando flashbacks da sua vida pessoal como, alegrias, tristezas, amores e desilusões, com impressionante realidade. É um terno testemunho contado na primeira pessoa. Na realidade é uma história que culmina com a morte, não sendo, entretanto, um livro que se dedique a este tema. Mais do que tudo é uma celebração da vida. (...) “A sua longa agonia deu-me a oportunidade única de rever o meu passado”. Um documento autobiográfico, com forte poder catártico e a tentativa de superação para a profunda agonia, pondo no papel as recordações, na tentativa de que o tempo não as consuma. Contando o drama da filha conta a história da sua própria família, pais infância, desgostos, crenças... Talvez porque, como diz, "toda a ficção é, em última análise, autobiográfica. Escrevo sobre amor e violência, sobre morte e salvação, sobre mulheres fortes e pais ausentes, sobre sobrevivência". A escritora queria que a sua filha não perdesse a conexão da sua consciência e a sua memória ao se despertar. Mas, a doença de Paula, de causa hereditária, lhe causou a morte no mês de dezembro de 1992, com apenas 29 anos de idade. O resultado é uma peça literária de forte personalidade. Como um exorcismo da morte e, ao mesmo tempo, uma celebração da vida, o texto explora o passado, questiona os deuses do destino conduzindo o leitor de lágrimas ao riso, do terror á sensualidade. Revela a vida cheia de cores da sua filha, ao mesmo tempo em que trás à superfície fatos que lembram sua infância no Chile, onde nasceu, os terrores do golpe militar de 1973, a odienta ditadura subseqüente, e as experiências no exílio. Combina duas qualidades expressivas da ficção: a densidade e a intensidade. “É tanto um diálogo à cabeceira de uma doente clinicamente privada de consciência, como um solilóquio de grandeza e fragilidade, a tentativa de unir a idéia do amor como única ponte de salvação humana, a realidade do sofrimento tantas vezes absurdo e indecoroso”. Para a autora, «Paula foi uma catarse, um exorcismo. A minha filha morreu a 6 de Dezembro de 1992 e um mês depois, a 8 de Janeiro, tinha que começar a escrever um novo livro. Só que não estava em condições de o fazer. Sentia-me muito em baixo e muito cansada”. Encontrou na escrita, mesmo que não intencionalmente, um lenitivo para não mergulhar em séria depressão e possivelmente no suicídio. Colocou toda a sua energia possível e transbordou toda a sua emocionalidade possível na história. Sublimou a dor e o sofrimento, sem, contudo, perder o senso de humor, a ternura e o equilíbrio da sua mente criativa na obra. Com a fortaleza da mulher chilena, ou de uma mulher chilena, ela se sobrepõe a si mesma, supera a dor, a angustia e o medo, o desgaste psíquico que tudo lhe produziu (exílio, divórcio, morte de uma filha) na angustiante caminhada e constrói uma obra prima que invade o coração de quem a lê e que demonstra que o amor pode muito bem ser o recurso mais precioso para se continuar vivendo.
Isabel Allende, Paula Editora Bertrand Brasil. 1996, 472 páginas.
Palavras-chave: laços familiares, adoecimento, morte, vida
http://planetalivros.blogspot.com/
Ernani Xavier
O VIGOR DA VIDAIsabel Allende relata o drama de sua filha Paula, que dá título ao livro, na esperança de que ela venha a ler o que escreveu, tão logo se recobre do estado de coma em que se encontra. Expressa o seu sofrimento maternal juntando flashbacks da sua vida pessoal como, alegrias, tristezas, amores e desilusões, com impressionante realidade. É um terno testemunho contado na primeira pessoa. Na realidade é uma história que culmina com a morte, não sendo, entretanto, um livro que se dedique a este tema. Mais do que tudo é uma celebração da vida. (...) “A sua longa agonia deu-me a oportunidade única de rever o meu passado”. Um documento autobiográfico, com forte poder catártico e a tentativa de superação para a profunda agonia, pondo no papel as recordações, na tentativa de que o tempo não as consuma. Contando o drama da filha conta a história da sua própria família, pais infância, desgostos, crenças... Talvez porque, como diz, "toda a ficção é, em última análise, autobiográfica. Escrevo sobre amor e violência, sobre morte e salvação, sobre mulheres fortes e pais ausentes, sobre sobrevivência". A escritora queria que a sua filha não perdesse a conexão da sua consciência e a sua memória ao se despertar. Mas, a doença de Paula, de causa hereditária, lhe causou a morte no mês de dezembro de 1992, com apenas 29 anos de idade. O resultado é uma peça literária de forte personalidade. Como um exorcismo da morte e, ao mesmo tempo, uma celebração da vida, o texto explora o passado, questiona os deuses do destino conduzindo o leitor de lágrimas ao riso, do terror á sensualidade. Revela a vida cheia de cores da sua filha, ao mesmo tempo em que trás à superfície fatos que lembram sua infância no Chile, onde nasceu, os terrores do golpe militar de 1973, a odienta ditadura subseqüente, e as experiências no exílio. Combina duas qualidades expressivas da ficção: a densidade e a intensidade. “É tanto um diálogo à cabeceira de uma doente clinicamente privada de consciência, como um solilóquio de grandeza e fragilidade, a tentativa de unir a idéia do amor como única ponte de salvação humana, a realidade do sofrimento tantas vezes absurdo e indecoroso”. Para a autora, «Paula foi uma catarse, um exorcismo. A minha filha morreu a 6 de Dezembro de 1992 e um mês depois, a 8 de Janeiro, tinha que começar a escrever um novo livro. Só que não estava em condições de o fazer. Sentia-me muito em baixo e muito cansada”. Encontrou na escrita, mesmo que não intencionalmente, um lenitivo para não mergulhar em séria depressão e possivelmente no suicídio. Colocou toda a sua energia possível e transbordou toda a sua emocionalidade possível na história. Sublimou a dor e o sofrimento, sem, contudo, perder o senso de humor, a ternura e o equilíbrio da sua mente criativa na obra. Com a fortaleza da mulher chilena, ou de uma mulher chilena, ela se sobrepõe a si mesma, supera a dor, a angustia e o medo, o desgaste psíquico que tudo lhe produziu (exílio, divórcio, morte de uma filha) na angustiante caminhada e constrói uma obra prima que invade o coração de quem a lê e que demonstra que o amor pode muito bem ser o recurso mais precioso para se continuar vivendo.
Isabel Allende, Paula Editora Bertrand Brasil. 1996, 472 páginas.
Palavras-chave: laços familiares, adoecimento, morte, vida
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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
VIDA DUPLA
RESENHA
Ernani Xavier
CONTRASTES E CONFLITOS
O livro “Vida Dupla”, (As garotas de Riyad), nos faz acompanhar com muita ternura e admiração as aventuras de quatro meninas, Lamis, Michelle, Sadim e Gamra. Tudo acontece num ambiente que mescla muitos tabus, em especial com relação a dinheiro, religiosidade, arcaísmo de gênero. Trata da condição da mulher na Arábia Saudita. Pela primeira vez são trazidos em romance e publicados no mundo inteiro temas internos da Arábia Saudita com tanta realidade. O romance testemunha uma cultura de extremas contradições. As quatro meninas de Riyad permitem ao leitor penetrar nos mais secretos universos de uma sociedade super fechada, quebrando um vasto silêncio e escancarando a todos um mundo surpreendente e chocante. O enredo é feito assim: um cara anônimo, que faz no texto o papel de narrador, decide construir um enorme mailing de pessoas de Riyad, usando a internet. As garotas, usando nikks para ocultar as suas identidades são oriundas de uma instituição de ensino famosa na cidade e a mais conservadora e todas e são filhas de famílias ricas. No começo do livro elas já demonstram ressentimentos pelas convenções sociais vigentes e ostentam o enorme conflito, em comparação com outros países. Uma se casa, a Gamra, tida como a menos bela do grupo. Lamis é considerada a mais prendada e inteligente. Michelle tem este nome, pois é filha de mulher americana com pai saudita, algo altamente controvertido na sociedade em que vivem. Optam por usar roupas ocidentais, consideradas lá, um privilégio masculino. Tomam champagne Dom Perignon nas festinhas, o que afronta ás leis islâmicas. Especialmente um capítulo do livro é o detonador do “escândalo”. Aqui entra uma nova personagem, a Nuri, acima da média das idades das demais. Com ela rola um caso de preferência homossexual no grupo. Na sua casa acontece muita bagunça, numa tremenda e divertida mistura de garotos e garotas. Surgem papos bem francos sobre questões do aborto, perda precoce da virgindade, idéias sobre divorcio, tudo considerado tabu na sociedade em que vivem. Vêm filmes pornô, circula revistas e livros proibidos, ocorrem relações em segredo, aparecem cosméticos, fala-se e admite-se cirurgia plástica, marca-se encontros via internet, trata-se da questão de gravidez antes do casamento, de mulheres competindo no mercado de trabalho. Enfim, quase nada aqui é permitido na sociedade saudita. Tudo isso transgride frontalmente as leis do islamismo. Embora tenha outras características no livro, o seu foco é na interação entre as cinco pessoas, o narrador mais quatro protagonistas, com suas mães, pais, paqueras, amigos, colegas, professores... Segundo a autora, o seu trabalho mostra “o esforço de contar a história dos seus jovens... surge do desejo de desfazer a imagem errônea do seu país... e mostra que todos acalentam um grande anseio de dialogar com outras culturas...” Ela escreve uma verdadeira obra prima ao "falar da minha geração, a geração internet, assim...” O livro ficou preso em uma editora libanesa, por três anos, transformando-se num caso menos literário e mais social. Muitos contestaram a sua descrição da juventude saudita contemporânea, ansiosa por modernidade e cansada de alguns dos seus costumes. A autora teve idéia de escrever aos 18 anos de idade, ainda na escola, quando “quis escrever sobre nós, jovens sauditas, da nossa tentativa de fazer conviver com o Islam, as tradições e o nosso estio de vida com o acidental, de encontrar a justa combinação para sermos felizes”. Pode ser que não consiga avançar tanto quanto sonha, mas provocou uma verdadeira ventania neste sentido. Revelou o mundo da Arábia Saudita de uma vez. Mostrou que embora vivam sob o forte domínio masculino, as quatro garotas e todas as mulheres do seu país, acalentam a eterna procura do amor, ainda têm esperança e sonhos... Apaixonando-se e desapaixonando-se como qualquer garota do mundo.
Rajaa Alsanea. Vida Dupla. Rio: Nova Fronteira, 2005.
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Palavras-chave: costumes, juventude, cultura
Ernani Xavier
CONTRASTES E CONFLITOS
O livro “Vida Dupla”, (As garotas de Riyad), nos faz acompanhar com muita ternura e admiração as aventuras de quatro meninas, Lamis, Michelle, Sadim e Gamra. Tudo acontece num ambiente que mescla muitos tabus, em especial com relação a dinheiro, religiosidade, arcaísmo de gênero. Trata da condição da mulher na Arábia Saudita. Pela primeira vez são trazidos em romance e publicados no mundo inteiro temas internos da Arábia Saudita com tanta realidade. O romance testemunha uma cultura de extremas contradições. As quatro meninas de Riyad permitem ao leitor penetrar nos mais secretos universos de uma sociedade super fechada, quebrando um vasto silêncio e escancarando a todos um mundo surpreendente e chocante. O enredo é feito assim: um cara anônimo, que faz no texto o papel de narrador, decide construir um enorme mailing de pessoas de Riyad, usando a internet. As garotas, usando nikks para ocultar as suas identidades são oriundas de uma instituição de ensino famosa na cidade e a mais conservadora e todas e são filhas de famílias ricas. No começo do livro elas já demonstram ressentimentos pelas convenções sociais vigentes e ostentam o enorme conflito, em comparação com outros países. Uma se casa, a Gamra, tida como a menos bela do grupo. Lamis é considerada a mais prendada e inteligente. Michelle tem este nome, pois é filha de mulher americana com pai saudita, algo altamente controvertido na sociedade em que vivem. Optam por usar roupas ocidentais, consideradas lá, um privilégio masculino. Tomam champagne Dom Perignon nas festinhas, o que afronta ás leis islâmicas. Especialmente um capítulo do livro é o detonador do “escândalo”. Aqui entra uma nova personagem, a Nuri, acima da média das idades das demais. Com ela rola um caso de preferência homossexual no grupo. Na sua casa acontece muita bagunça, numa tremenda e divertida mistura de garotos e garotas. Surgem papos bem francos sobre questões do aborto, perda precoce da virgindade, idéias sobre divorcio, tudo considerado tabu na sociedade em que vivem. Vêm filmes pornô, circula revistas e livros proibidos, ocorrem relações em segredo, aparecem cosméticos, fala-se e admite-se cirurgia plástica, marca-se encontros via internet, trata-se da questão de gravidez antes do casamento, de mulheres competindo no mercado de trabalho. Enfim, quase nada aqui é permitido na sociedade saudita. Tudo isso transgride frontalmente as leis do islamismo. Embora tenha outras características no livro, o seu foco é na interação entre as cinco pessoas, o narrador mais quatro protagonistas, com suas mães, pais, paqueras, amigos, colegas, professores... Segundo a autora, o seu trabalho mostra “o esforço de contar a história dos seus jovens... surge do desejo de desfazer a imagem errônea do seu país... e mostra que todos acalentam um grande anseio de dialogar com outras culturas...” Ela escreve uma verdadeira obra prima ao "falar da minha geração, a geração internet, assim...” O livro ficou preso em uma editora libanesa, por três anos, transformando-se num caso menos literário e mais social. Muitos contestaram a sua descrição da juventude saudita contemporânea, ansiosa por modernidade e cansada de alguns dos seus costumes. A autora teve idéia de escrever aos 18 anos de idade, ainda na escola, quando “quis escrever sobre nós, jovens sauditas, da nossa tentativa de fazer conviver com o Islam, as tradições e o nosso estio de vida com o acidental, de encontrar a justa combinação para sermos felizes”. Pode ser que não consiga avançar tanto quanto sonha, mas provocou uma verdadeira ventania neste sentido. Revelou o mundo da Arábia Saudita de uma vez. Mostrou que embora vivam sob o forte domínio masculino, as quatro garotas e todas as mulheres do seu país, acalentam a eterna procura do amor, ainda têm esperança e sonhos... Apaixonando-se e desapaixonando-se como qualquer garota do mundo.
Rajaa Alsanea. Vida Dupla. Rio: Nova Fronteira, 2005.
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Palavras-chave: costumes, juventude, cultura
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
JIMI HENDRIX : A DRAMÁTICA HISTÓRIA DE UMA LENDA DO ROCK
RESENHA
Ernani Xavier
SIC TRANSIS GLORIA MUNDI
A jornalista Sharon Lawrence, que se diz amiga de Jimi Hendrix conta a sua história na biografia “JIMI HENDRIX: A DRAMÁTICA HISTÓRIA DE UMA LENDA DO ROCK”. Focaliza a sua carreira, diferentemente de outras biografias que trouxeram dados corriqueiros da sua intimidade familiar. Segundo a autora, ela conheceu Jimi em 68, bem no início da sua meteórica carreira. Já em 70, Jimi já dava claros sinais que se tornaria um expoente da juventude do seu tempo. Colecionava então, discos de ouro, turnês, uma legião de fãs. Juntava-se ao clube dos “máximos” do segmento naquele momento: Os Beatles, os Rolling Stones e Eric Clapton. Não mais do que de repente, Jimi Hendrix morreu. Overdose ou suicídio puro ou assassinato? Cada opção teria um desdobramento na alma e no coração daqueles que o amavam de verdade, é claro. Fechava-se a cortina para um dos mais irreverentes seres humanos que a juventude já conheceu. A jornalista diz que era super íntima do músico e pinta o seu perfil como “um cara genial, mas sensível, carente e deprimido, pressionado por interesses alheios à arte”. Em sua curtíssima viagem pintou de tudo, quase no mesmo momento: ”agitação, processos na justiça, assédio de fãs, drogas, sonhos e desejos”. No inesperado e patético fim, a tragédia, com apenas 27 anos de idade, tempo suficiente para ter sido o foco de discórdias entre os seus pais, claramente doentes emocionalmente.Traços que marcaram a sua personalidade: introversão, humildade, mais tarde, acometido por um estado de profunda depressão. No texto, a jornalista refere-se á pintora Monika Dannemann, última pessoa a ver Jimi Hendrix, tendo passado a noite de 17 de setembro de 70, em um hotel em Londres. Esta teria ligado a um amigo comum, Eric Burdon do hotel, dizendo que Hendrix não estava bem. Burdon a teria aconselhado a chamar uma ambulância, o que não foi feito. Sem ter notícias, ele ligou para Monika: ela lhe teria dito que estava tudo bem e que, inclusive, saíra para comprar cigarros. Na manhã seguinte, os jornais estampavam a morte de Hendrix. Para a biógrafa, ele poderia ter sido atendido a tempo. E acusa a mulher de omissão de socorro. Revelações e novas descobertas são partes importantes do conteúdo da história dramática de um jovem que apenas nascera para o estrelato. O sucesso veio numa velocidade vertiginosa. Após desembarcar em Londres para o seu primeiro show, no final de 1966, Hendrix é bem recebido na atmosfera musical da Swinging London. Ao assistir à apresentação da banda Jimi Hendrix Experience, a famosa crítica de rock Penny Valentine escreveu: "Se fosse possível enxergar a eletricidade, ela se pareceria com Jimi Hendrix", relata a escritora. Sharon tem o merecimento de agrupar em sua biografia dados raros até hoje sobre a curta vida de um gênio.
SHARON LAWRENCE. JIMI HENDRIX. RIO: JZAHAR, 2007, 356 PPhttp://planetalivros.blogspot.com/
depressão, sucesso, sonhos desfeitos
Ernani Xavier
SIC TRANSIS GLORIA MUNDI
A jornalista Sharon Lawrence, que se diz amiga de Jimi Hendrix conta a sua história na biografia “JIMI HENDRIX: A DRAMÁTICA HISTÓRIA DE UMA LENDA DO ROCK”. Focaliza a sua carreira, diferentemente de outras biografias que trouxeram dados corriqueiros da sua intimidade familiar. Segundo a autora, ela conheceu Jimi em 68, bem no início da sua meteórica carreira. Já em 70, Jimi já dava claros sinais que se tornaria um expoente da juventude do seu tempo. Colecionava então, discos de ouro, turnês, uma legião de fãs. Juntava-se ao clube dos “máximos” do segmento naquele momento: Os Beatles, os Rolling Stones e Eric Clapton. Não mais do que de repente, Jimi Hendrix morreu. Overdose ou suicídio puro ou assassinato? Cada opção teria um desdobramento na alma e no coração daqueles que o amavam de verdade, é claro. Fechava-se a cortina para um dos mais irreverentes seres humanos que a juventude já conheceu. A jornalista diz que era super íntima do músico e pinta o seu perfil como “um cara genial, mas sensível, carente e deprimido, pressionado por interesses alheios à arte”. Em sua curtíssima viagem pintou de tudo, quase no mesmo momento: ”agitação, processos na justiça, assédio de fãs, drogas, sonhos e desejos”. No inesperado e patético fim, a tragédia, com apenas 27 anos de idade, tempo suficiente para ter sido o foco de discórdias entre os seus pais, claramente doentes emocionalmente.Traços que marcaram a sua personalidade: introversão, humildade, mais tarde, acometido por um estado de profunda depressão. No texto, a jornalista refere-se á pintora Monika Dannemann, última pessoa a ver Jimi Hendrix, tendo passado a noite de 17 de setembro de 70, em um hotel em Londres. Esta teria ligado a um amigo comum, Eric Burdon do hotel, dizendo que Hendrix não estava bem. Burdon a teria aconselhado a chamar uma ambulância, o que não foi feito. Sem ter notícias, ele ligou para Monika: ela lhe teria dito que estava tudo bem e que, inclusive, saíra para comprar cigarros. Na manhã seguinte, os jornais estampavam a morte de Hendrix. Para a biógrafa, ele poderia ter sido atendido a tempo. E acusa a mulher de omissão de socorro. Revelações e novas descobertas são partes importantes do conteúdo da história dramática de um jovem que apenas nascera para o estrelato. O sucesso veio numa velocidade vertiginosa. Após desembarcar em Londres para o seu primeiro show, no final de 1966, Hendrix é bem recebido na atmosfera musical da Swinging London. Ao assistir à apresentação da banda Jimi Hendrix Experience, a famosa crítica de rock Penny Valentine escreveu: "Se fosse possível enxergar a eletricidade, ela se pareceria com Jimi Hendrix", relata a escritora. Sharon tem o merecimento de agrupar em sua biografia dados raros até hoje sobre a curta vida de um gênio.
SHARON LAWRENCE. JIMI HENDRIX. RIO: JZAHAR, 2007, 356 PPhttp://planetalivros.blogspot.com/
depressão, sucesso, sonhos desfeitos
AMOR NA INTERNET
RESENHA
Ernani Xavier
EXORCISMO DA TIMIDEZ
O livro, “AMOR NA INTERNET: Quando o virtual cai na real”, é um relato de pesquisa rodada na internet pela a jornalista Alice Sampaio. Cadastrou-se e freqüentou em diversas salas de bate-papo e as utilizou durante um ano e meio. Do material recolhido surgiu uma formidável reportagem sobre a paquera virtual, aquela que ocorre depois do texto, bem diferente da paquera tradicional que decorre depois do olhar. Idílios que satisfazem necessidades de amar de quase três milhões de pares de brasileiros atualmente. "De tanto ler reportagens louvando a internet como o grande lugar para encontrar o amor, cadastrei-me em alguns sites de encontros e passei oito meses em busca de um namorado na rede”,explica a autora”. "Não sei se por curiosidade ou hábito investigativo, não me desfiz de nenhuma das conversas". Sem dúvida, ampliou consideravelmente a sua rede de “amigos”, conhecidos, pretendentes. Ainda considerando a metodologia de pesquisa, complementarmente á internet, entrevistou mais de cem pessoas, para fins de verificação das suas hipóteses sobre o universo em investigação. Utilizou arquivos dos sujeitos entrevistados, as suas histórias, os seus enredos e os seus surpreendentes desfechos. A facha etária dos sujeitos foi entre 18 a 56 anos. Valeu-se também de assessoria especializada de psicólogos, psiquiatras e sexólogos para compreender e explicar os dados colhidos. Algumas surpresas certamente. Porém, autores que antecederam a pesquisas e os resultados da jornalista Alice, como é o caso de Nélson Rodrigues já obteve material altamente revelador da prática do sexo em lugares mais exóticos, desde elevadores, ônibus, salas de aula, consultórios, em filas e nos pontos-de-ônibus, nas salas de cinema, em igrejas... o novo agora é apenas a virtualidade. O instinto e a sua repressão continuam intactos e serão sempre motivos de controvertidas discussões, como é o caso do celibato e da virgindade. Porém o sexo e as suas múltiplas revelações são apenas parte do que considera a pesquisadora. Um outro lado da mesma questão é o subterfúgio e a busca do relacionamento amoroso. Em meio a troca de mensagens, Alice ficou abismada com a fantasia a confusão emocional os desencontros de expectativas e as tremendas desilusões. Envolvimentos via internet são um fato. Uns podem dar certo. Mas, quais são os seus motivos, enfim? Por quanto tempo sobrevive a fantasia? São perguntas que encontram, umas mais outras menos, respostas no magnífico livro da jornalista Alice Sampaio. Ele compila alguns casos que podem ser divididos em categorias. Casais de meia idade marcados por separações ou viuvez precoce. Há adolescentes tímidos que se refugiam no anonimato e extravasam as suas pressões e depressões familiares. “Para eles a internet é ferramenta: uma maneira de exorcizar a timidez e a insegurança típicas da idade”. Há A categoria daqueles que, ao menos aparentemente, felizes na relação atual, mas que fogem para buscar o que gostariam de ter em termos de complementação do que necessitam, seja companheirismo, mesmo que virtual, seja auto-estima e valorização ou alguma outra carência. Enfim, o trabalho sobre o Amor na Internet, é inteligente, surpreendente e divertido. Provoca reflexões e insights, educa. Alice Sampaio nasceu em São Paulo e tem 48 anos. Foi repórter das revistas Manchete e Veja, redatora da Claudia, editora da Nova, Quatro Rodas, Exame Vip e Marie Claire. Recebeu três vezes o Prêmio Abril de Jornalismo.
Alice Sampaio. Amor na Internet - Quando o virtual cai na real. Rio: Record, 2001, 348 pp.
http://planetalivros.blogspot.com/
auto-estima, carência afetiva, timidez, fantasia amorosa
Ernani Xavier
EXORCISMO DA TIMIDEZ
O livro, “AMOR NA INTERNET: Quando o virtual cai na real”, é um relato de pesquisa rodada na internet pela a jornalista Alice Sampaio. Cadastrou-se e freqüentou em diversas salas de bate-papo e as utilizou durante um ano e meio. Do material recolhido surgiu uma formidável reportagem sobre a paquera virtual, aquela que ocorre depois do texto, bem diferente da paquera tradicional que decorre depois do olhar. Idílios que satisfazem necessidades de amar de quase três milhões de pares de brasileiros atualmente. "De tanto ler reportagens louvando a internet como o grande lugar para encontrar o amor, cadastrei-me em alguns sites de encontros e passei oito meses em busca de um namorado na rede”,explica a autora”. "Não sei se por curiosidade ou hábito investigativo, não me desfiz de nenhuma das conversas". Sem dúvida, ampliou consideravelmente a sua rede de “amigos”, conhecidos, pretendentes. Ainda considerando a metodologia de pesquisa, complementarmente á internet, entrevistou mais de cem pessoas, para fins de verificação das suas hipóteses sobre o universo em investigação. Utilizou arquivos dos sujeitos entrevistados, as suas histórias, os seus enredos e os seus surpreendentes desfechos. A facha etária dos sujeitos foi entre 18 a 56 anos. Valeu-se também de assessoria especializada de psicólogos, psiquiatras e sexólogos para compreender e explicar os dados colhidos. Algumas surpresas certamente. Porém, autores que antecederam a pesquisas e os resultados da jornalista Alice, como é o caso de Nélson Rodrigues já obteve material altamente revelador da prática do sexo em lugares mais exóticos, desde elevadores, ônibus, salas de aula, consultórios, em filas e nos pontos-de-ônibus, nas salas de cinema, em igrejas... o novo agora é apenas a virtualidade. O instinto e a sua repressão continuam intactos e serão sempre motivos de controvertidas discussões, como é o caso do celibato e da virgindade. Porém o sexo e as suas múltiplas revelações são apenas parte do que considera a pesquisadora. Um outro lado da mesma questão é o subterfúgio e a busca do relacionamento amoroso. Em meio a troca de mensagens, Alice ficou abismada com a fantasia a confusão emocional os desencontros de expectativas e as tremendas desilusões. Envolvimentos via internet são um fato. Uns podem dar certo. Mas, quais são os seus motivos, enfim? Por quanto tempo sobrevive a fantasia? São perguntas que encontram, umas mais outras menos, respostas no magnífico livro da jornalista Alice Sampaio. Ele compila alguns casos que podem ser divididos em categorias. Casais de meia idade marcados por separações ou viuvez precoce. Há adolescentes tímidos que se refugiam no anonimato e extravasam as suas pressões e depressões familiares. “Para eles a internet é ferramenta: uma maneira de exorcizar a timidez e a insegurança típicas da idade”. Há A categoria daqueles que, ao menos aparentemente, felizes na relação atual, mas que fogem para buscar o que gostariam de ter em termos de complementação do que necessitam, seja companheirismo, mesmo que virtual, seja auto-estima e valorização ou alguma outra carência. Enfim, o trabalho sobre o Amor na Internet, é inteligente, surpreendente e divertido. Provoca reflexões e insights, educa. Alice Sampaio nasceu em São Paulo e tem 48 anos. Foi repórter das revistas Manchete e Veja, redatora da Claudia, editora da Nova, Quatro Rodas, Exame Vip e Marie Claire. Recebeu três vezes o Prêmio Abril de Jornalismo.
Alice Sampaio. Amor na Internet - Quando o virtual cai na real. Rio: Record, 2001, 348 pp.
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auto-estima, carência afetiva, timidez, fantasia amorosa
CANCER TEM CURA!
RESENHA
Ernani Xavier
ENIGMAS DA NATUREZA
O livro, “O Câncer tem Cura” foi escrito pelo Frei franciscano, Romano Zago, e colocou a cura desta temida doença e a babosa, na mídia. Foi projetada como uma planta cheia de poder milagroso, podendo interferir em todos os sistemas do organismo humano: além de curar definitivamente o câncer, ela é indicada para embelezamento de pele e cabelos, tendo fortes poderes preventivos de um cem número de doenças. Para uso interno, diz o humilde sacerdote, a sua utilização é muito antiga, e consta da própria Bíblia. “Acredita-se que ela tenha surgido na Idade Média”. A comunidade científica ainda não comprovou nada a respeito das suas descobertas, e sobre a eficiência da babosa contra o câncer. Mas, estudos internacionais já comprovaram que a babosa fortalece o sistema imunológico e tem ação antiinflamatória e antiviral. A babosa hoje tem centros internacionais de pesquisas científicas e certificações do mundo Árabe, de Israel e dos Estados Unidos. Porém, embora uso da planta tenha sido aprovado nos Estados Unidos para testes em pacientes com Aids e câncer, desde 1994, ainda não foi divulgado nenhum resultado, talvez até mesmo pelo forte lobby das empresas farmacêuticas. O funcionamento da babosa, em resumo, ocorre assim: ela atua nos capilares sangüíneos do corpo humano transportando as suas propriedades preventivas e curativas pelo sangue, atingindo absolutamente todas as células. Os capilares são os menores tubos por onde passa o sangue, é uma rede que tem aproximadamente 150.000 km, que representa 3,5 vezes a circunferência do globo terrestre. Os tubos capilares são dezenas de vezes menores que um fio de cabelo. Por aí é que a babosa circula no corpo humano. O entupimento celular localizado só não traz más conseqüências imediatas porque a rede de tubos capilares é como uma malha rodoviária. Quando uma ponte cai numa rodovia, logo o trânsito é feito por desvios. Isso afeta apenas uma pequena região que fica desabastecida enquanto se conserta a ponte ou faz-se outra ao lado; acontece o mesmo com o sistema capilar. Quando uma região fica sem suprimento de oxigênio, por causa de um estreitamento capilar, essa área tende a responder com um outro tipo de respiração que não precisa de oxigênio, chamada fermentação. Se a produção de novos capilares na região afetada for deficiente ou inexistente, essa fermentação pode ser a causa do aparecimento de várias doenças, entre as quais, o câncer, segundo explicações do Dr. Prêmio Nobel, Otto Warburg, a “fermentação celular fornece mais energia que seria produzida com oxigênio, isso cria condições para uma multiplicação incontrolavelmente rápida das células, dando origem ao câncer”. Esclarecendo mais: o sistema imunológico, inclusive o de autodefesa pode sofrer danos, dando margem a infecções e à diversas anomalias auto-imunes. Com o extraordinário poder de penetração que somente babosa tem, e o Frei soube muito bem disso, opinião compartilhada pelo médico e bioquímico alemão, Dr. A.P.Scheneller, é recomendável para os seguintes tratamentos: aumento da capacidade de desempenho físico e mental, ampliação das forças de autodefesa do organismo, melhoria do desempenho cardíaco, prevenção de angina e arritmias cardíacas, proteção contra o enfarte do coração, estabilização da circulação, normalização da pressão sangüínea, aumento do metabolismo energético no cérebro, prevenção de derrame cerebral, redução da freqüência dos surtos de enxaqueca e melhora da qualidade de irrigação sangüínea nas pernas. A babosa consegue, em 70% dos casos, a reestruturação do diâmetro dos capilares estreitados, normalizando o suprimento de oxigênio. O suco da babosa é assim um poderoso aliado no combate aos sintomas de várias doenças e como protetor para um envelhecimento saudável. Os capilares ficam estreitos, principalmente, por causa de alimentação inadequada, fumo, álcool em excesso, sedentarismo e as doenças decorrentes dessas causas, como é o causo do câncer. No seu livro, o Frei Romano Zago afirma que as propriedades curativas da babosa encontram-se na folha toda e não apenas no gel. “ Três ou quatro folhas de babosa (sem os espinhos e não lavadas, apenas limpas com um pano), meio quilo de mel e quatro colheres de cachaça (pode ser uísque, tequila, grappa ou conhaque) - tudo batido no liquidificador”. Esta é a base da receita que ficou famosa com o livro do Frei Romano Zago. Controvérsias à parte, o mundo moderno está se rendendo a uma planta milenar, sem nenhuma magia nem ocultismos, e sim, pelas suas reais propriedades que a natureza lhe proporcionou.
Romano Zago. Câncer Tem Cura. Petrópolis: Vozes, 2001, 154 pp.
PALAVRAS-CHAVE: MEDICINA E SAÚDE. MEDICINA ALTERNATIVA. PLANTAS MEDICINAIS TRATAMENTO ALTERNATIVO. CÂNCER. CURA. BABOSA.
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Ernani Xavier
ENIGMAS DA NATUREZA
O livro, “O Câncer tem Cura” foi escrito pelo Frei franciscano, Romano Zago, e colocou a cura desta temida doença e a babosa, na mídia. Foi projetada como uma planta cheia de poder milagroso, podendo interferir em todos os sistemas do organismo humano: além de curar definitivamente o câncer, ela é indicada para embelezamento de pele e cabelos, tendo fortes poderes preventivos de um cem número de doenças. Para uso interno, diz o humilde sacerdote, a sua utilização é muito antiga, e consta da própria Bíblia. “Acredita-se que ela tenha surgido na Idade Média”. A comunidade científica ainda não comprovou nada a respeito das suas descobertas, e sobre a eficiência da babosa contra o câncer. Mas, estudos internacionais já comprovaram que a babosa fortalece o sistema imunológico e tem ação antiinflamatória e antiviral. A babosa hoje tem centros internacionais de pesquisas científicas e certificações do mundo Árabe, de Israel e dos Estados Unidos. Porém, embora uso da planta tenha sido aprovado nos Estados Unidos para testes em pacientes com Aids e câncer, desde 1994, ainda não foi divulgado nenhum resultado, talvez até mesmo pelo forte lobby das empresas farmacêuticas. O funcionamento da babosa, em resumo, ocorre assim: ela atua nos capilares sangüíneos do corpo humano transportando as suas propriedades preventivas e curativas pelo sangue, atingindo absolutamente todas as células. Os capilares são os menores tubos por onde passa o sangue, é uma rede que tem aproximadamente 150.000 km, que representa 3,5 vezes a circunferência do globo terrestre. Os tubos capilares são dezenas de vezes menores que um fio de cabelo. Por aí é que a babosa circula no corpo humano. O entupimento celular localizado só não traz más conseqüências imediatas porque a rede de tubos capilares é como uma malha rodoviária. Quando uma ponte cai numa rodovia, logo o trânsito é feito por desvios. Isso afeta apenas uma pequena região que fica desabastecida enquanto se conserta a ponte ou faz-se outra ao lado; acontece o mesmo com o sistema capilar. Quando uma região fica sem suprimento de oxigênio, por causa de um estreitamento capilar, essa área tende a responder com um outro tipo de respiração que não precisa de oxigênio, chamada fermentação. Se a produção de novos capilares na região afetada for deficiente ou inexistente, essa fermentação pode ser a causa do aparecimento de várias doenças, entre as quais, o câncer, segundo explicações do Dr. Prêmio Nobel, Otto Warburg, a “fermentação celular fornece mais energia que seria produzida com oxigênio, isso cria condições para uma multiplicação incontrolavelmente rápida das células, dando origem ao câncer”. Esclarecendo mais: o sistema imunológico, inclusive o de autodefesa pode sofrer danos, dando margem a infecções e à diversas anomalias auto-imunes. Com o extraordinário poder de penetração que somente babosa tem, e o Frei soube muito bem disso, opinião compartilhada pelo médico e bioquímico alemão, Dr. A.P.Scheneller, é recomendável para os seguintes tratamentos: aumento da capacidade de desempenho físico e mental, ampliação das forças de autodefesa do organismo, melhoria do desempenho cardíaco, prevenção de angina e arritmias cardíacas, proteção contra o enfarte do coração, estabilização da circulação, normalização da pressão sangüínea, aumento do metabolismo energético no cérebro, prevenção de derrame cerebral, redução da freqüência dos surtos de enxaqueca e melhora da qualidade de irrigação sangüínea nas pernas. A babosa consegue, em 70% dos casos, a reestruturação do diâmetro dos capilares estreitados, normalizando o suprimento de oxigênio. O suco da babosa é assim um poderoso aliado no combate aos sintomas de várias doenças e como protetor para um envelhecimento saudável. Os capilares ficam estreitos, principalmente, por causa de alimentação inadequada, fumo, álcool em excesso, sedentarismo e as doenças decorrentes dessas causas, como é o causo do câncer. No seu livro, o Frei Romano Zago afirma que as propriedades curativas da babosa encontram-se na folha toda e não apenas no gel. “ Três ou quatro folhas de babosa (sem os espinhos e não lavadas, apenas limpas com um pano), meio quilo de mel e quatro colheres de cachaça (pode ser uísque, tequila, grappa ou conhaque) - tudo batido no liquidificador”. Esta é a base da receita que ficou famosa com o livro do Frei Romano Zago. Controvérsias à parte, o mundo moderno está se rendendo a uma planta milenar, sem nenhuma magia nem ocultismos, e sim, pelas suas reais propriedades que a natureza lhe proporcionou.
Romano Zago. Câncer Tem Cura. Petrópolis: Vozes, 2001, 154 pp.
PALAVRAS-CHAVE: MEDICINA E SAÚDE. MEDICINA ALTERNATIVA. PLANTAS MEDICINAIS TRATAMENTO ALTERNATIVO. CÂNCER. CURA. BABOSA.
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terça-feira, 22 de janeiro de 2008
AS BRUXAS... E SEUS LOBOS
RESENHA
Ernani Xavier
A EPIDEMIA DA ROTINA
“As bruxas ... e os seus lobos” é um romance policial, mas só de fachada. Na realidade é uma crítica social bem construída, esta estréia de George Patrão no campo da literatura. Na história tem assassinos que são super familiares a cada um de nós, vivem em nossa companhia, e eles são bem identificados desde o início, não obstante continue este e outros suspenses durante todo o texto. Reúne em sua malha extensa, figuras bem comuns a todo o leitor: bruxas, policiais, chás medicinais, veneno, poções mágicas, além de sentimentos bem corriqueiros de medo, amor, ódio, coragem, mas nem tanto... Outros ingredientes do texto não podiam faltar: vassouras, sem o que não dá para falar em bruxas e facas para ilustrar assassinatos, rituais cruéis. Ah! estava esquecendo: policiais. Tudo cingido em uma linguagem esplendorosa. O texto trata de uma patologia social chamada pelo autor de normose. As personagens são duas bruxas, a Celene e a Lilibeth. São funcionárias de um supermercado enorme. O policial Jonas tem de investigar um assassinato. Uma das bruxas é culpada a outra inocente. Daí em diante segue o enredo. Claro que têm surpresas incríveis. O personagem Jonas tem a ver com o Jonas bíblico. Teimoso, resistente. É vomitado pela baleia. Sobrevive, pois tem uma missão que lhe deram. A bruxa Lilibeth vem de várias encarnações, trás heranças de todas, mostra-se intolerantemente teimosa ás vezes... “Nós, as autogeradas, somos a verdadeira essência da raça. Vocês humanos, bruxas ou não, são passageiros. Só nós é que contamos de verdade. É para nós que o sol brilha. E ele brilha o nosso brilho!”. A bruxa Celene exerce um papel de curandeiro. Tem poderes. Manifesta-se através do “encontro”. Um dos primeiros resultados deste poder surge no encontro com Jonas. Este vai aos poucos assumindo o seu valor como ser humano, pois, procura estar cada vez mais, “fora do normal”. Vai abandonando as normalidades. Os encontros vão exercendo papéis mais e mais terapêuticos conforme revele o enredo. Celene vai promovendo mudanças nos demais personagens ao combater a doença da normose. Após a ocorrência de um crime, o policial Jonas é chamado e sai em busca da principal suspeita, Celene. Esse encontro precipita uma simbiose entre os dois passam a procurar a verdadeira responsável pelo crime e, ao mesmo tempo, iniciam uma formidável viagem interna de autodescobrimento. O pragmatismo e a incredulidade de Jonas serão postos à prova diante da sabedoria mística de sua companheira de viagem, uma mulher de muitos e grandes segredos. Há uma curiosidade para saber qual é, afinal, a verdadeira missão da “bruxa má”, a Lilibeth na seqüência do texto... O texto trás a rotina do ambiente em que tudo ocorre, o supermercado: “Bem, há as patinadoras. Todas elas jovens, leves em suas botas com rodas, abastecendo os caixas com troco e sacos plásticos ou levando cheques para autorização. Sem parar, sem parar. Tanto exercício tem suas vantagens: belas pernas. Todas, sem exceção, as possuem. Até uma ou outra mais feinha de rosto, se observada sob outro ângulo, fica muito interessante”. O romance foi ambientado em locais comuns e retrata a beleza das coisas simples, que na maioria das vezes é deixada de lado. “A magia da vida se encontra nos pequenos detalhes, tais como a preparação de uma xícara de chá a um sonho, nos movimentos de um golfinho às sabias palavras de um humilde pescador”, comenta o autor. George Patrão é consultor e estudante de Holística de Base pela Universidade da Paz, mestre Reiki e bacharel em Ciências Políticas. Faz literatura e bem, por diletantismo. O seu trabalho é uma contestação á doença social a que ele trata ironicamente de normose, para combinar com outra muito comum a neurose. A sociedade, segundo o autor acomoda-se nas suas normalidades, embota assim a criatividade, anula a crítica e a autocrítica. As pessoas, acometidas pela normose crônica, nascem, vivem e morrem venerando os seus mitos, que são hábitos e convenções e fecham-se ao novo.
George Patrão. “As Bruxas... E Seus Lobos”, São Paulo: Limiar, 2005. 247 pp.
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PALAVRA-CHAVE
resistência á mudança, apego á rotina, medo de ousar, normose
Ernani Xavier
A EPIDEMIA DA ROTINA
“As bruxas ... e os seus lobos” é um romance policial, mas só de fachada. Na realidade é uma crítica social bem construída, esta estréia de George Patrão no campo da literatura. Na história tem assassinos que são super familiares a cada um de nós, vivem em nossa companhia, e eles são bem identificados desde o início, não obstante continue este e outros suspenses durante todo o texto. Reúne em sua malha extensa, figuras bem comuns a todo o leitor: bruxas, policiais, chás medicinais, veneno, poções mágicas, além de sentimentos bem corriqueiros de medo, amor, ódio, coragem, mas nem tanto... Outros ingredientes do texto não podiam faltar: vassouras, sem o que não dá para falar em bruxas e facas para ilustrar assassinatos, rituais cruéis. Ah! estava esquecendo: policiais. Tudo cingido em uma linguagem esplendorosa. O texto trata de uma patologia social chamada pelo autor de normose. As personagens são duas bruxas, a Celene e a Lilibeth. São funcionárias de um supermercado enorme. O policial Jonas tem de investigar um assassinato. Uma das bruxas é culpada a outra inocente. Daí em diante segue o enredo. Claro que têm surpresas incríveis. O personagem Jonas tem a ver com o Jonas bíblico. Teimoso, resistente. É vomitado pela baleia. Sobrevive, pois tem uma missão que lhe deram. A bruxa Lilibeth vem de várias encarnações, trás heranças de todas, mostra-se intolerantemente teimosa ás vezes... “Nós, as autogeradas, somos a verdadeira essência da raça. Vocês humanos, bruxas ou não, são passageiros. Só nós é que contamos de verdade. É para nós que o sol brilha. E ele brilha o nosso brilho!”. A bruxa Celene exerce um papel de curandeiro. Tem poderes. Manifesta-se através do “encontro”. Um dos primeiros resultados deste poder surge no encontro com Jonas. Este vai aos poucos assumindo o seu valor como ser humano, pois, procura estar cada vez mais, “fora do normal”. Vai abandonando as normalidades. Os encontros vão exercendo papéis mais e mais terapêuticos conforme revele o enredo. Celene vai promovendo mudanças nos demais personagens ao combater a doença da normose. Após a ocorrência de um crime, o policial Jonas é chamado e sai em busca da principal suspeita, Celene. Esse encontro precipita uma simbiose entre os dois passam a procurar a verdadeira responsável pelo crime e, ao mesmo tempo, iniciam uma formidável viagem interna de autodescobrimento. O pragmatismo e a incredulidade de Jonas serão postos à prova diante da sabedoria mística de sua companheira de viagem, uma mulher de muitos e grandes segredos. Há uma curiosidade para saber qual é, afinal, a verdadeira missão da “bruxa má”, a Lilibeth na seqüência do texto... O texto trás a rotina do ambiente em que tudo ocorre, o supermercado: “Bem, há as patinadoras. Todas elas jovens, leves em suas botas com rodas, abastecendo os caixas com troco e sacos plásticos ou levando cheques para autorização. Sem parar, sem parar. Tanto exercício tem suas vantagens: belas pernas. Todas, sem exceção, as possuem. Até uma ou outra mais feinha de rosto, se observada sob outro ângulo, fica muito interessante”. O romance foi ambientado em locais comuns e retrata a beleza das coisas simples, que na maioria das vezes é deixada de lado. “A magia da vida se encontra nos pequenos detalhes, tais como a preparação de uma xícara de chá a um sonho, nos movimentos de um golfinho às sabias palavras de um humilde pescador”, comenta o autor. George Patrão é consultor e estudante de Holística de Base pela Universidade da Paz, mestre Reiki e bacharel em Ciências Políticas. Faz literatura e bem, por diletantismo. O seu trabalho é uma contestação á doença social a que ele trata ironicamente de normose, para combinar com outra muito comum a neurose. A sociedade, segundo o autor acomoda-se nas suas normalidades, embota assim a criatividade, anula a crítica e a autocrítica. As pessoas, acometidas pela normose crônica, nascem, vivem e morrem venerando os seus mitos, que são hábitos e convenções e fecham-se ao novo.
George Patrão. “As Bruxas... E Seus Lobos”, São Paulo: Limiar, 2005. 247 pp.
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