domingo, 27 de janeiro de 2008

CARTA ABERTA PARA MINHA MÃE

RESENHA
Ernani Xavier


MÃES DO MEU BRASIL!!!
O autor, Gabriel Chalita, já tinha feito um livro sobre o seu pai, intitulado, “Memórias de um homem bom”, como presente de aniversário dos 80 anos.Hoje, segundo Chalita, seu pai já foi para o céu. A mãe, por brincadeira lhe cobrou um presente semelhante, para o Dia das mães. Ele então lhe fez a homenagem. Segundo ele, uma edição pequena, limitada, sem luxo, que conta um pouco da história dela. “A sua vinda dela da Síria para o Brasil, o sofrimento, a perda da terra, a perda dos filhos, mas o amor dessa mulher, profundamente apaixonada e apaixonante não se perdeu...” O autor já aproveitou e, de acordo com ele, “com este livro faço uma homenagem a todas as mães. Não é uma biografia da minha mãe, pois somente um trechinho fala dela, mas é um livro que qualquer filho pode dedicar para sua mãe, como se ele escrevesse uma carta pedindo-lhe perdão pelas vezes em que esteve ausente, pelas vezes que não viveu os ensinamentos bonitos que recebeu dela – dizendo-lhe o quanto a ama, o quanto lhe é grato, o quanto vive a intensidade dessa relação”. A homenagem que ele faz para as mães é muito bonita. Já o livro em si é obra de uma mente aberta e criativa, sem dúvida. Mais ainda, escrever a mão é um legítimo tributo àquela pessoa mais fundamental na vida de qualquer ser humano, a sua mãe. Mais do que isso trata de um assunto mais relevante que existe, o amor, mais objetivamente, o amor das mães. Presente ao lançamento, um padre salesiano, de nome Rosalvino, tratou o texto de Chalita como uma mensagem especial á juventude de todo o País e mesmo, do mundo inteiro. De fato o texto de Chalita dá um novo olhar no desempenho social e no papel relevante de todas as mães. O comportamento violento não deixa de ter lá as suas origens na ausência afetiva da figura materna na formação da personalidade. Garcia Lorca, no texto “Lembrança das minhas putas tristes” presta uma homenagem para todas as mães quando o seu personagem principal declara que todo os seus conceitos de mulher e de amor foram construídos á imagem e semelhança da sua relação com a “pessoa mais maravilhosa do mundo”, a sua mãe. É a mãe que tem o poder de moldar as pessoas, não necessariamente pela herança que deixa biologicamente nos filhos, mas pela herança transmitida pelo seu coração. As pessoas vêem o mundo através dos olhos de suas mães, pelo resto das suas vidas, a partir dos tenros momentos da amamentação. Daqui é que provém aquilo que segura todas as barras da existência humana. Daí é que provem o que mantém o ser humano de pé, que o equilibra: segurança e auto-estima. A presença da mãe na personalidade dos filhos é que gera perspectivas sobre afetos, sexualidade, emocionalidade, valores e atitudes das pessoas com relação á si mesmas, ao mundo de cada um, ás outras pessoas e ao seu futuro. O tema tratado por Gabriel Chalita é, sobretudo, transbordante de coisas lindas, de amor. Não o amor imaginado, criado de dentro para fora para atender carências. Mas o amor autenticamente puro, criador daquilo que a humanidade mais precisa, a solidariedade e a compaixão. A mãe de todos nós entra e toma conta da alma humana. Mãe é integridade de sentimento, concritude de Deus no âmago dos ser humano. Esta destinatária da carta de Gabriel Chalita deveria receber muitas cartas dos filhos, todos os dias, em forma de carícia e reciprocidade. Livro criativo, texto essencial, homenagem mais do que merecida.
GABRIEL CHALITA. Carta aberta para minha mãe. São Paulo:Canção Nova, 2007.
http://planetalivros.blogspot.com/
pALAVRAS-CHAVE: amor autêntico, papel materno, personalidade

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