domingo, 20 de janeiro de 2008

O ENIGMA DE PARIS


O SABOR DO MISTÉRIO


O livro “o Enigma de Paris”, romance policial, do escritor argentino Pablo de Santis, lhe valeu o Prêmio Planeta Casamérica, tornou-se uma sensação literária. É uma revivescência do gênero detetivesco com intrigas, assassinatos que aconteceram em Paris, por ocasião da Macro Exposição Universal que aí ocorreu no ano de 1889. Paris ainda era iluminada por lampiões de gás. Trata da iniciação da vida policial de um jovem detetive. “Pensei que não há na vida maior glória que fazer um salvo-conduto do próprio nome, capaz de abrir portas e seduzir pessoas. Desci ao salão com a alegria que devem sentir os conspiradores diante de cada mistério, diante de cada símbolo que lhes indique que estão longe de coisas triviais da vida”. No enredo, um grupo de elite de detetives na época os mais famosos do mundo, quase inabaláveis, acaba por descobrir que um deles foi morto na base da Torre Eiffel, ainda na sua fase de construção, na virada do século 19 para 20. A própria construção era nesta época bombardeada por muitas críticas. A expectativa era que os investigadores infalíveis iriam revelar segredos de sua arte ao mundo, com base nos seus casos mais sérios e conhecidos. Estavam se preparando para mostrar a força de uma filosofia investigativa peculiar, seus métodos, a concepção de crime e tudo mais. Mas, a surpreendente e enigmática morte de um dos seus membros muda planos do grupo e aumenta a exigência das suas celebradas habilidades. A hipótese mais aparente, e os detetives sabem que esta deve ser descartada em princípio, já que pode ser enganosa, era de que tudo era obra de um serial kller. O trabalho de Pablo de Santis está na crista da moderna onda da literatura contemporânea policial. Os detetives são personagens clássicos que se impuseram por uma certa arrogância em quase todos os textos deste gênero. E no enredo os famosos “Os Doze” jamais poderia se abalar com o incidente focalizado. Esta é uma questão foco do enredo e uma questão de honra para o elenco deste romance policial. Os detetives, com efeito, justificam a relevância do seu papel social com uma forte metáfora: são homens que procuram a verdade mais límpida possível em um mundo de aparências enganosas. A argúcia sempre foi o ponto alto dos grandes investigadores da vasta literatura deste gênero. E o autor aqui faz salientar uma outra capacitação fundamental, a perceptividade e a intuição arguta. O autor admite que, com suas observações criativas e intuição, não apenas solucionam um enigma como ilustram um caso policial com suas abstrações filosóficas, as suas idéias. Assim é que eles, os detetives, vão se libertar do senso comum e da conclusão leviana e superficial. Pablo de Santis usa Paris como palco das ações dos seus personagens pela sua similitude arquitetônica e urbanística e cultural. Trata-se de uma das melhores obras latino-americanas dos últimos tempos. Uma novela divertida. Um texto bem escrito. Misterioso ao gosto dos leitores deste gênero.
Pablo de Santis. O Enigma de Paris. Rio de Janeiro: Planeta do Brasil, 2007, pp. 256,

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